Levantamento da Planejar aponta que manter o estilo de vida da elite do futebol exige planejamento financeiro rigoroso desde o primeiro contrato.
Da Redação

Manter o ritmo de Neymar fora dos gramados, o padrão de ostentação de Gabigol ou o estilo de vida de Hulk após a aposentadoria requer mais do que gols e títulos. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), um jogador da Série A precisa acumular R$ 107,5 milhões ao longo da carreira para sustentar o mesmo nível de consumo quando pendurar as chuteiras. O cálculo considera uma retirada segura de 4% ao ano, capaz de garantir renda anual de R$ 4,3 milhões, valor médio atual da categoria.
Para alcançar esse patrimônio até os 35 anos, idade estimada para o encerramento da carreira, seria necessário investir R$ 4,14 milhões por ano durante 15 temporadas, com rentabilidade real de 7% ao ano. A projeção parte da premissa de que o planejamento comece aos 20 anos, com disciplina e constância. “É uma corrida de 100 metros, não uma maratona. O atleta precisa fazer escolhas estruturadas desde o primeiro contrato profissional”, afirmou o planejador financeiro Rogério Nakata, que foi o responsável pelos cálculos.
Entre as orientações práticas, Nakata recomenda separar automaticamente até metade da renda líquida ao receber o salário, formar uma reserva de emergência e diversificar investimentos. Tesouro IPCA+, CDBs, fundos imobiliários, previdência privada e imóveis para locação aparecem como alternativas sólidas. Ele explica que automatizar os aportes ajuda a blindar a disciplina financeira contra distrações de curto prazo.
O especialista também alerta sobre erros comuns que comprometem o futuro patrimonial de atletas, como gastos impulsivos, falta de liquidez, decisões sem assessoria e concentração em negócios de alto risco. Segundo ele, até carreiras de sucesso podem resultar em perda de autonomia no pós-carreira se não houver planejamento estruturado. “A liberdade no pós-carreira não depende apenas do que se ganha, mas do que se constrói”, destacou Nakata.
O estudo ainda traz recomendações para cada fase da trajetória profissional. Dos 18 aos 22 anos, a prioridade deve ser a criação de uma reserva de emergência. Entre 23 e 28, o foco passa à expansão dos investimentos. Já a partir dos 29, a ênfase deve estar na renda passiva e no planejamento sucessório. Para Nakata, estruturar o pós-carreira com antecedência garante tranquilidade emocional e liberdade de escolha.
O cálculo da renda alvo teve como base dados do portal BolaVip Brasil, que apontam salário médio anual da Série A em 669 mil euros, cerca de R$ 4,3 milhões pela cotação média de R$ 6,40. A partir desse valor, foi estimado o patrimônio necessário para sustentar indefinidamente o padrão de vida da elite do futebol. “O jogo mais difícil não acontece dentro das quatro linhas, mas na forma como cada um administra o que conquistou”, disse o planejador.