08/07/2025 06:45

Inclusão Produtiva: capacitação e assistência técnica mudam a vida de produtores em situação de vulnerabilidade

O projeto começou a ser desenvolvido em julho de 2024, em parceria entre a companhia de celulose e papel Suzano e a Famasul.

Anderson Viegas

Cultivo de Lourdes e do esposo Antonio, em Cassilândia (Foto: Lourdes Fermiana da Silva/Arquivo Pessoal).

Cerca de 120 dias. Esse foi o tempo em que um projeto desenvolvido em Mato Grosso do Sul, em parceria entre uma grande empresa agroindustrial e a maior entidade representativa do agro do estado, levou para transformar vidas de famílias de pequenos produtores que estavam em situação de vulnerabilidade. Ao oferecer capacitação para a produção, conhecimento sobre gestão, orientação especializada e apoio à comercialização, possibilitou a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida dos beneficiados.

O projeto Inclusão Produtiva começou a ser desenvolvido em julho de 2024, entre a companhia de celulose e papel Suzano e a Famasul. Inicialmente, foi desenvolvido nos assentamentos Nossa Senhora das Graças, Novo Modelo e Melodia, no município de Ribas do Rio Pardo, onde a empresa inaugurou oficialmente, em dezembro do ano passado, a maior planta de fabricação de celulose do mundo, com capacidade para 2,55 milhões de toneladas por ano.

Fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo (Foto: Divulgação/Suzano).

 “Desde o início da construção da nova unidade, em 2021, toda a cadeia econômica da região vem sendo movimentada com grande vigor em decorrência da obra e da atuação das empresas que se instalaram. Em paralelo, a empresa sempre buscou investir em projetos que melhorassem a qualidade de vida e contribuíssem com o desenvolvimento socioeconômico do município e das áreas de atuação. Neste contexto, nasceu o projeto, que teve início em Ribas do Rio Pardo, porque era sede da nova unidade”, explica o coordenador de Relacionamento Social da Suzano no estado, Andreone dos Santos Souza.

Para selecionar quem participaria do projeto, foi aplicado, pelos técnicos da Famasul, um questionário socioeconômico, que identificou as famílias que estavam abaixo da linha da pobreza. O parâmetro de escolha adotado foi o de renda per capita, definido pelo Banco Mundial: US$ 6,85 por dia ou R$ 665 por mês. Em Mato Grosso do Sul, segundo os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19,3% da população tem renda abaixo desse patamar, o que representa aproximadamente 560 mil pessoas (considerando a estimativa populacional do ano, 2,901 milhões de habitantes).

A analista da Famasul, Leticia Teruya, explica que, nos assentamentos de Ribas do Rio Pardo, foram cadastrados 46 produtores e que, em razão da expansão econômica do município, muitas pessoas têm migrado do campo para a cidade, o que fez com que os parceiros decidissem ampliar o raio de alcance do projeto. “Arregimentamos, então, nos municípios que fazem parte do território de atuação da empresa: Aquidauana, Campo Grande, Cassilândia, Dois Irmãos do Buriti, Ribas do Rio Pardo e Santa Rita do Pardo”, explica.

Entre os meses de junho e agosto, 206 produtores foram cadastrados no projeto. Eles receberam suporte técnico, capacitação, apoio para comercialização, suporte de gestão do orçamento familiar, socioemocional e de qualidade de vida, além de acesso à assistência de saúde.

Produtor José Ademilson Tenório, de 54 anos (Foto: José Ademilson Tenório/Arquivo Pessoal).

Entre os produtores beneficiados com o Inclusão Produtiva está José Ademilson Tenório, de 54 anos. Ele cultiva uma área de 1 hectare, em um projeto de comodato da prefeitura de Cassilândia. No local, já há seis anos, cultivava, sem praticamente nenhuma orientação, limão, mandioca e criava galinhas caipiras e suínos. Para se manter com a família, além de cuidar de sua área, ainda tinha de fazer trabalhos extras em propriedades rurais da região. Com a chegada do projeto, ele disse que tudo mudou.

 “Quase perdi toda minha plantação de limão, porque não tinha assistência. Deu uma doença e a sorte foi que um rapaz apareceu por aqui e, para me ajudar, tirou foto e mandou para um agrônomo. Ele identificou a doença e apontou o que tinha de aplicar. Agora, com o projeto, tenho orientação. O técnico da Famasul já veio aqui, me explicou como fazer a poda, sugeriu irrigar a mandioca para aumentar a produção, usar ramas de melhor qualidade e plantar outras coisas, como guariroba, para diversificar. Além disso, me mostrou como gerenciar a produção com um quadro e está auxiliando também na comercialização, com a feirinha que criaram lá no Sindicato Rural”.

Tenório diz que a expectativa, com a orientação técnica, é aumentar em 50% a produção de mandioca já na próxima colheita e continuar diversificando, investindo no cultivo de mamão e de outros hortifrúti, como cenoura e beterraba. Com a geração de renda que deve ter, o pequeno produtor já sonha com a possibilidade de cuidar somente de sua área em um futuro breve. “No próximo ano, acredito que já consigo me manter só com a minha área. Agora ficou 100% melhor e vai melhorar ainda mais, graças a Deus. Estou muito contente com a Famasul”.

Produtora Lourdes e o esposo Antonio, em Cassilândia (Foto: Loudes Fermiana da Silva/Arquivo Pessoal).

Quem também teve a vida transformada pelo projeto foi a produtora Lourdes Fermiana da Silva, de 50 anos, e o esposo Antonio Erivaldo Chaves, de 55 anos. O casal produz hortifrutis em uma chácara, também em Cassilândia. Ela conta que enfrentava muitas dificuldades para comercializar o que cultivava e que, por vezes, chegava a perder alimentos que não conseguia vender. “A venda era somente na porta de casa. Agora não, tenho para quem vender, graças à feirinha que fazemos de 15 em 15 dias na cidade. Com o aumento da renda, consegui até abrir uma conta e criar um pix para receber”, diz.

Segundo a analista da Famasul, quando os técnicos do projeto aplicaram o questionário de monitoramento da iniciativa, identificou-se um resultado muito positivo do trabalho: dos 206 beneficiados, 190 pessoas, entre produtores e familiares, saíram da linha da pobreza.

 “Como principais ações até o momento, estão a realização de curso de empreendedorismo na área rural no assentamento Nossa Senhora das Graças, em Ribas do Rio Pardo; instalação de polo de conectividade no assentamento Estrela, em Campo Grande; acompanhamento de visita técnica da entidade parceira em propriedades rurais cadastradas no projeto; ações de comercialização em Novo Modelo (Ribas do Rio Pardo), Cassilândia, Campo Grande, Santa Rita do Pardo; em Cassilândia, formação de turma com foco em alfabetização; feira em parceria com Sindicato Rural e prefeitura, gerando receita para os produtores; e indicação de famílias para participar de ações relacionadas a demandas socioemocionais em Santa Rita do Pardo e Aquidauana”, comentou.

Com os ótimos resultados obtidos, Suzano e a Famasul planejam ampliar ainda mais o projeto, elevando o número de beneficiados para 300 e chegando até Paraíso das Águas e Inocência. “A expansão do projeto reforça o compromisso da companhia em apoiar a agricultura familiar, promover inclusão produtiva e fortalecer a sustentabilidade das comunidades rurais”, afirmou Andreone, completando que somente foi possível alcançar esses resultados em razão da parceria com a Famasul, que possibilitou, por meio da expertise técnica, a transferência de conhecimento e a qualificação para fomentar a agricultura familiar.

Importância da capacitação

O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, José Eduardo Duenhas Monreal, destacou a importância da capacitação, como a oferecida pelo projeto, para o produtor rural. “Se você for ver uma propriedade, ela tem três níveis, três níveis tecnológicos, a gente pode dizer. Pode estar num nível tradicional, num nível intermediário e num nível avançado. A gente pode elencar a produtividade nesses níveis. Então, o produtor, quando ele faz um treinamento, uma capacitação, ele busca isso e leva isso para a propriedade. Então, aquelas técnicas tradicionais mais antigas, que às vezes ele aprendeu com alguém na família ou com o próprio pai e mãe, ele vai trazer novas técnicas e levar essa propriedade para um nível intermediário”. Veja mais no vídeo abaixo:

Outras iniciativas

Em Mato Grosso do Sul, além do Inclusão Produtiva, a Suzano desenvolve outros quatro projetos com foco em geração de renda, sustentabilidade e fortalecimento da agricultura familiar. As iniciativas abrangem diferentes regiões do estado e têm como eixo comum o apoio a comunidades rurais em situação de vulnerabilidade, promovendo atividades como bovinocultura de leite, hortifruticultura, apicultura e coleta de sementes nativas do Cerrado.

Os outros projetos desenvolvidos são:

  • Terra Sustentável – Desenvolvido na Cooperativa dos Produtores de Orgânicos e Agroecológicos do MS, promove a produção e comercialização de alimentos agroecológicos em Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, com ênfase em feiras e eventos que valorizam a agricultura sustentável.
  • Colmeias – Expande a produção apícola e estrutura a cadeia de beneficiamento do mel em Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Santa Rita do Pardo, incentivando a diversificação produtiva e a inclusão social.
  • Semeando Cerrado – Promove a geração de renda e restauração ecológica em comunidades rurais nos municípios de Anaurilândia e Aquidauana, com ações voltadas à coleta, beneficiamento, armazenamento e comercialização, ampliando fornecedores de sementes nativas no estado;
  • Sementes do Mutum – Capacita famílias nos assentamentos Mutum e Avaré, em Ribas do Rio Pardo, para coleta e comercialização de sementes florestais nativas, conectando-as à Rede de Sementes do MS e a projetos de restauração ambiental da Suzano.

De acordo com a empresa, em 2024 essas ações somadas beneficiaram 522 famílias, fortalecendo a cadeia produtiva local e promovendo inclusão social nas comunidades rurais atendidas. Os projetos impulsionam não apenas a geração de renda, mas também o acesso a capacitações técnicas, melhoria das condições de produção e valorização de práticas sustentáveis, com foco no desenvolvimento de longo prazo e promoção da autonomia das famílias.

Coordenador de Relacional Social da Suzano no estado, Andreone dos Santos Souza (Foto: Divulgação/Suzano).

O valor total investido nas iniciativas promovidas pela Suzano e voltadas para a agricultura familiar em Mato Grosso do Sul soma cerca de R$ 5 milhões, o que reforça o compromisso da companhia com o desenvolvimento socioeconômico sustentável nas regiões onde atua. Os investimentos abrangem projetos que beneficiam dezenas de comunidades rurais em mais de 15 municípios do estado, incluindo Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas.

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