Estado recebe os três maiores projetos globais do setor e traça nova estratégia para verticalizar a cadeia produtiva.
Da Redação

Mato Grosso do Sul alcançou um novo patamar no cenário industrial global ao se consolidar como o principal polo de celulose do mundo. Com a chegada dos três maiores investimentos recentes do setor – Suzano (Ribas do Rio Pardo), Arauco (Inocência) e Bracell (Bataguassu) – o estado não apenas responde à crescente demanda internacional, como também traça uma nova estratégia: transformar localmente a celulose produzida e ampliar o valor agregado de sua cadeia produtiva.
“A história que estamos construindo agora é a de um Estado que lidera a resposta à demanda mundial por celulose. As últimas três grandes fábricas que o mundo precisava estão sendo feitas aqui”, afirmou o secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck. “Estamos falando de empreendimentos que, somados, ultrapassam os R$ 40 bilhões em investimentos e geram dezenas de milhares de empregos.”
A mais recente conquista é a instalação da Bracell em Bataguassu, com investimento estimado em R$ 16 bilhões (US$ 4 bilhões). A nova unidade terá capacidade de produzir 2,9 milhões de toneladas por ano e será a primeira do Estado a fabricar celulose solúvel, usada na produção de viscose para roupas. “É uma demanda crescente no mercado global. E agora Mato Grosso do Sul entra nesse mercado com tecnologia de ponta”, destacou Verruck.
Já a planta da Arauco, iniciada em Inocência, representa o maior investimento do setor feito em uma única etapa no mundo, com aporte de US$ 4,6 bilhões e capacidade de 3,5 milhões de toneladas/ano. Ambas as fábricas exigirão, juntas, cerca de 700 mil hectares de eucalipto, consolidando ainda mais a força do setor florestal no Estado.
Transformação da celulose e geração de valor
Com a produção em expansão, o próximo passo do governo estadual é garantir que essa celulose seja processada localmente, ampliando a cadeia e gerando ainda mais desenvolvimento. Um dos projetos em negociação é a instalação de uma planta de papel tissue, que transforma a celulose em rolos prontos para a fabricação de papel higiênico, guardanapos e outros produtos. “Essa é uma das estratégias centrais da nossa política industrial: transformar aqui o que produzimos aqui”, explica o secretário.
Hoje, Mato Grosso do Sul já abriga uma planta nesse segmento, a unidade da International Paper em Três Lagoas, produtora do papel Chamex. A ideia é atrair novos investidores, tanto nacionais quanto internacionais, para diversificar a base produtiva e ampliar o valor agregado das matérias-primas locais.
Desafio de curto prazo: infraestrutura e qualificação
O avanço acelerado dos projetos representa também um desafio logístico e social. As fases de construção das plantas envolvem simultaneamente até 17 mil trabalhadores por empreendimento. “Estamos falando de dois anos com obras intensas em diferentes regiões do Estado. Isso demanda planejamento, estrutura e, principalmente, capacitação de mão de obra”, afirma Verruck.
Para isso, o governo do Estado tem atuado em conjunto com instituições como o Sebrae/MS para preparar os municípios e pequenos empreendedores locais. “Estamos discutindo como Sebrae/MS como tornar Bataguassu uma cidade empreendedora, com foco em apoiar os pequenos negócios que vão crescer junto com a chegada da indústria”, completou.
Além da unidade da Bracell, em Bataguassu e da Arauco, em Inocência, já está sendo analisado um novo pedido, o de outra unidade da Bracell, em Água Clara.
“Com segurança jurídica, infraestrutura, política ambiental eficiente e ambiente favorável aos negócios, Mato Grosso do Sul se tornou referência global em celulose. Agora, damos um novo passo ao buscar transformar essa produção dentro do próprio Estado”, concluiu Verruck.