08/07/2025 17:15

Sebrae/MS impulsiona negócios de indígenas e quilombolas no setor de alimentos

Capacitação gratuita em boas práticas de higiene fortalece pequenos empreendimentos tradicionais em Dourados e Maracaju.

Da Redação

Capacitação ministrada pelo Sebrae/MS

Com o objetivo de promover inclusão produtiva e valorizar a cultura local, o Sebrae/MS, em parceria com o Sistema Comércio MS, realizou, em maio, duas edições do curso “Higiene e Manipulação de Alimentos”, direcionadas a comunidades tradicionais da região Sul do estado. A ação beneficiou gratuitamente mulheres indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, e produtores da Comunidade Quilombola São Miguel, em Maracaju, fomentando a profissionalização e fortalecendo o empreendedorismo local.

A proposta do curso foi capacitar os participantes em boas práticas de higiene e manipulação de alimentos, contribuindo para a melhoria da qualidade dos produtos e a geração de renda. De acordo com o gerente da Regional Sul do Sebrae/MS, Marcus Faria, as iniciativas reforçam o compromisso da instituição com o desenvolvimento de diferentes perfis de empreendedores.

“O Sebrae acredita que o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa de transformação social. Ao promover cursos como este, voltados a públicos tradicionais, contribuímos para a inclusão produtiva e para o fortalecimento dos negócios. É uma forma de profissionalizar e oferecer novas perspectivas para apoiar esses empreendedores, inclusive na conquista de novos espaços no mercado”, destacou.

Em Dourados, a capacitação ocorreu entre os dias 14 e 16 de maio, no período noturno, na sede do Sebrae. A turma contou com 16 participantes, majoritariamente mulheres indígenas que atuam na produção de alimentos em suas comunidades e que buscam ampliar suas atividades empreendedoras. A demanda por produtos é expressiva dentro e fora das aldeias Jaguapiru e Bororó, que juntas somam aproximadamente 15 mil indígenas.

Entre as participantes, Talita Ribeiro Martins, da etnia Guarani Kaiowá, é proprietária do empreendimento “Sabor de Casa”, que administra com o filho na Aldeia Jaguapiru. Produzindo cerca de 20 marmitas por dia, além de espetinhos no horário de almoço, ela conta que o curso foi fundamental para garantir que o novo espaço, em fase de reforma, esteja adequado às exigências sanitárias.

“Como a professora disse, uma coisa é cozinhar para a família e outra, bem diferente, é oferecer refeições aos clientes. É muita responsabilidade, e por isso temos que ter cuidados redobrados. Então o curso trouxe muito conhecimento nesse sentido”, afirmou.

Também participante da capacitação, Ana Marcia Cândido de Oliveira, da etnia Terena, trabalha com refeições congeladas, que prepara na casa dos clientes na região urbana de Dourados. Com aproximadamente cinco anos de atuação, ela destacou que o curso proporcionou mais segurança para seu trabalho.

“Sempre cuidei muito da higienização e aqui aprendi ainda mais. O que mudou é que agora eu sei que não é ‘neura’ e vou poder falar com mais segurança o que pode e o que não pode ser feito na hora de preparar e também de armazenar. Outra coisa que aprendi melhor foi sobre as temperaturas dos alimentos e como calcular a validade do produto considerando cada ingrediente. O curso foi muito bom e agregou muito”, relatou.

Ao todo, mais de 20 produtores indígenas e quilombolas participaram das capacitações em Dourados e Maracaju.

Da horta para a merenda escolar

Na Comunidade Quilombola São Miguel, em Maracaju, o curso foi realizado nos dias 20 e 21 de maio, com a participação de 19 produtores rurais. A comunidade, fundada em 1942, é reconhecida pela força da agricultura familiar e reúne cerca de 60 famílias que vivem da produção de hortifrúti, polpas de frutas, pães, doces, mel, rapadura e farinha de mandioca.

Grande parte desses alimentos é destinada ao abastecimento das escolas municipais, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além de serem comercializados em feiras e mercados locais. Segundo o presidente da comunidade, Jaime Gabriel, a preocupação dos produtores vai além da comercialização.

“Este curso veio nos capacitar para que possamos fazer da melhor forma possível, agregando valor ao nosso produto e trabalhando com segurança. Assim, conseguimos mandar nossos alimentos com mais credibilidade, para que os alunos possam comer e não ter nenhum tipo de mal-estar. O curso nos ajuda a desenvolver nossas funções corretamente”, explicou.

O produtor Ronaldo Santana também elogiou a ação.

“Este curso está sendo de grande valia, um aprendizado para todos nós. Estávamos mesmo precisando de um treinamento, de uma orientação sobre a manipulação e a higiene na produção de alimentos. Está sendo uma grande ajuda, que vai nos permitir entregar um produto de qualidade, principalmente para as escolas. O Sebrae e os demais órgãos parceiros têm sido grandes aliados do homem do campo. Vai ajudar muito mesmo e fazer com que nosso alimento chegue à mesa dos brasileiros com qualidade”, ressaltou.

Empreendedora da comunidade, Nathaly Gonçalves, que produz bolos, conservas, geleias e rapadura, afirmou que a capacitação chegou em um momento decisivo para a expansão dos negócios.

“Este curso me abriu novas portas e me trouxe aprendizados que eu não tinha, ou que achava que sabia. Questões como limpeza, manutenção, equipamentos — tudo isso abriu uma nova perspectiva para mim, que estou com um projeto de abrir uma agroindústria e expandir meus bolos. Agora, posso comercializar com mais segurança”, destacou.

O curso contou com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul (Fecomércio/MS), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (SEDEMA) e das Prefeituras de Maracaju e Dourados.

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