21/08/2025 15:41

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‘Não adianta fazer quadrinhos e deixar na gaveta, no computador, é preciso ser lido, para valorizar nossa produção’: Fred Hildebrand, quadrinista sul-mato-grossense

Artista visual e professor destaca trajetória, influência da cultura geek e importância da presença em eventos para fortalecimento da cena dos quadrinhos no estado.

Anderson Viegas

Mangá Spaceshit, , produzido por Fred Hildebrand, e que foi indicado ao Troféu HQMix de 2024 (Fred Hildebrand/Arquivo Pessoal).

 “Não adianta fazer quadrinhos e deixar na gaveta, ou no drive do computador, é preciso mostrar para as pessoas, ser lido, para poder chegar em mais pessoas e trazer esse valor para nossa produção”, a defesa de uma presença cada vez maior dos artistas Made in MS em eventos, editais e espaços que valorizam a arte é de uma das principais referências da cena geek em Mato Grosso do Sul, o quadrinista, ilustrador, artista visual e professor de mangá e desenho, Fred Hildebrand.

Natural de Campo Grande, ele conta que o desenho sempre esteve presente em sua vida e que a escolha pelo curso de artes visuais, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, foi o ponto de partida para profissionalizar a paixão. Ainda durante a faculdade, iniciou a carreira de professor de mangá e desenho e passou a atender as primeiras encomendas, como retratos em estilo mangá e mascotes. A partir de 2009, lançou seu primeiro quadrinho autoral, Patre Primordium, em parceria com a roteirista Ana Recalde, e desde então segue produzindo.

Quadrinista, ilustrador, artista visual e professor de mangá e desenho, Fred Hildebrand (Foto: Tati Resende).

Fred afirma que suas maiores influências vêm dos mangás e animes, como Dragon Ball, Evangelion e Alita Anjo de Batalha, mas também de clássicos da cultura pop ocidental, como Star Wars, Senhor dos Anéis e Guardiões da Galáxia. Essa mistura de referências deu origem a uma estética marcada pela aventura, cenários futuristas e espaciais, presente principalmente no mangá Spaceshit, seu trabalho mais recente.

Ele observa que a produção quadrinista em Mato Grosso do Sul tem buscado identidade própria. Como exemplos, cita Marina Duarte, com o quadrinho Vozes Invisíveis, e Fábio Qill, com Casa Báis, de temática regional. “Vejo que dentro do trabalho autoral cada um busca fazer o que lhe agrada, experimentando, aprendendo e imprimindo sua personalidade. No contexto do estado, os autores estão buscando identidade pessoal e variada para alcançar o público leitor”, afirma.

Sobre a relação com o público, Fred considera os eventos fundamentais. Para ele, além de serem espaços de encontro e troca, são oportunidades de ampliar a renda e consolidar a cena local. “Os eventos são o maior espaço para conhecer o público, apresentar os quadrinhos e vender a produção. Isso ajuda a pagar a produção dos quadrinhos e dá acesso a quem se interessa pelo trabalho autoral”, avalia.

Ao analisar tendências do universo geek, ele aponta o crescimento constante do público e a maior aceitação de rótulos como nerd, otaku ou gamer, o que abre espaço para novas criações. “Me anima ver mais artistas buscando produzir e encontrar sua identidade. Gostaria apenas de ver mais investimento no trabalho autoral e não só em fã artes ou materiais baseados em obras consagradas”, comenta.

Sobre as adaptações de quadrinhos para o cinema e o streaming, Fred considera que elas são importantes para ampliar o alcance. “Adaptações ajudam a levar as obras mais longe. No Japão, a produção de animes serve como propaganda para o mangá e geralmente alavanca as vendas do produto original. Claro que adaptação já traz mudanças, porque cada mídia tem suas características próprias”, explica.

Atualmente, o quadrinista trabalha na produção do volume dois do mangá Spaceshit, indicado ao Troféu HQMix de 2024, com lançamento previsto para o primeiro semestre do ano que vem. O planejamento é que a série tenha seis volumes. “É uma aventura espacial sobre a Luiza, uma adolescente que quer muito ser uma caçadora de recompensas pelo universo, mas pra isso precisa da ajuda do seu tio, que não está a fim de entrar nessa. Então isso dá muitos problemas e uma série de surpresas”, explica o artista sobre o enredo do mangá.

Outro projeto em andamento é o Homem-Grilo, criado em parceria com o roteirista Cadu Simões. “É um quadrinho de humor que faz paródia dos super-heróis. Já lançamos o volume 1 e até dezembro sai o segundo”, detalha. Ele ainda adianta que outros projetos devem ser divulgados em breve em suas redes sociais.

Homem-Grilo, criado por Fred Hildebrand em parceria com o roteirista Cadu Simões (Fred Hildebrand/Arquivo Pessoal).

Para conhecer mais sobre os projetos e ilustrações de Fred, acompanhe no Instagram: @fredquadrinista.

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