08/07/2025 17:42

MS responde por um terço das exportações brasileiras de celulose

Dos 8,558 milhões de toneladas vendidas pelo país no mercado internacional entre janeiro e maio de 2025, 2,990 milhões foram produzidas no estado, o que representa 34,94%.

Anderson Viegas

Produção de celulose em fábrica em Mato Grosso do Sul (Foto: Anderson Viegas/Made in MS).

Mato Grosso do Sul responde por um terço das exportações brasileiras de celulose de fibra curta. Dos 8,558 milhões de toneladas vendidas pelo país no mercado internacional entre janeiro e maio de 2025, 2,990 milhões de toneladas foram produzidas no estado, o que representa 34,94%. A participação na receita é ainda maior: US$ 1,442 bilhão, Made in MS, dos US$ 3,946 bilhões do total brasileiro, ou 36,54%.

Desde o início do ano, a celulose é o principal produto da pauta de exportações sul-mato-grossense, desbancando a soja, que tradicionalmente liderava o ranking até o fim do ano passado. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2025, as vendas internacionais do estado da pasta química produzida a partir do eucalipto cresceram 77,09% em quantidade frente a 2024, quando o volume chegou a 1,688 milhão de toneladas, e 78,06% em receita, que nessa parcial do ano passado havia totalizado US$ 809,919 milhões.

Dos 36 destinos para onde Mato Grosso do Sul exporta celulose, a China é o principal. O país comprou, somente este ano, 1,607 milhão de toneladas, resultando em um faturamento para as empresas sul-mato-grossenses de US$ 806,297 milhões — o que significa 53,5% do volume e 55,9% da receita. Depois aparecem dois países europeus: a Itália, com 9,90% da receita, e a Holanda, com 5,74%.

Mato Grosso do Sul alcançou um novo patamar no cenário industrial global ao se consolidar como o principal polo de celulose do mundo. Com a chegada dos três maiores investimentos recentes do setor – Suzano (Ribas do Rio Pardo), Arauco (Inocência) e Bracell (Bataguassu) – o estado não apenas responde à crescente demanda internacional, como também traça uma nova estratégia: transformar localmente a celulose produzida e ampliar o valor agregado de sua cadeia produtiva.

Protagonismo
No país, Mato Grosso do Sul assumiu em 2024 o protagonismo do setor. Já era o estado que mais exportava e se tornou, a partir da entrada em operação da fábrica da Suzano Papel e Celulose no município de Ribas do Rio Pardo, o maior produtor brasileiro.

Chamado de “vale da celulose”, o estado abriga atualmente quatro linhas de produção em operação: três pertencentes à Suzano — sendo duas localizadas em Três Lagoas e uma em Ribas do Rio Pardo — e uma operada pela Eldorado Brasil, também em Três Lagoas. Juntas, essas unidades possuem uma capacidade instalada de processamento de 7,584 milhões de toneladas de celulose por ano.

A perspectiva para o médio e longo prazo aponta para uma expansão significativa desse volume, que deve atingir 16 milhões de toneladas anuais. Esse crescimento será impulsionado por projetos já em andamento ou anunciados, como a nova linha da Eldorado em Três Lagoas, a entrada da Arauco com uma planta em Inocência e o projeto da Bracell em Bataguassu.

Novo momento do setor
“A história que estamos construindo agora é a de um Estado que lidera a resposta à demanda mundial por celulose. As últimas três grandes fábricas que o mundo precisava estão sendo feitas aqui”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, na coletiva do mês da indústria, em maio. “Estamos falando de empreendimentos que, somados, ultrapassam os R$ 40 bilhões em investimentos e geram dezenas de milhares de empregos.”

A mais recente conquista é a instalação da Bracell em Bataguassu, com investimento estimado em R$ 16 bilhões (US$ 4 bilhões). A nova unidade terá capacidade para produzir 2,9 milhões de toneladas por ano e será a primeira do Estado a fabricar celulose solúvel, usada na produção de viscose para roupas. “É uma demanda crescente no mercado global. E agora Mato Grosso do Sul entra nesse mercado com tecnologia de ponta”, destacou Verruck.

Já a planta da Arauco, iniciada em Inocência, representa o maior investimento do setor feito em uma única etapa no mundo, com aporte de US$ 4,6 bilhões e capacidade de 3,5 milhões de toneladas/ano. Ambas as fábricas exigirão, juntas, cerca de 700 mil hectares de eucalipto, consolidando ainda mais a força do setor florestal no Estado.

Transformação da celulose e geração de valor
Com a produção em expansão, o próximo passo do governo estadual é garantir que essa celulose seja processada localmente, ampliando a cadeia e gerando ainda mais desenvolvimento. Um dos projetos em negociação é a instalação de uma planta de papel tissue, que transforma a celulose em rolos prontos para a fabricação de papel higiênico, guardanapos e outros produtos. “Essa é uma das estratégias centrais da nossa política industrial: transformar aqui o que produzimos aqui”, explica o secretário.

Hoje, Mato Grosso do Sul já abriga uma planta nesse segmento: a unidade da International Paper em Três Lagoas, produtora do papel Chamex. A ideia é atrair novos investidores, tanto nacionais quanto internacionais, para diversificar a base produtiva e ampliar o valor agregado das matérias-primas locais.

Desafio de curto prazo: infraestrutura e qualificação
O avanço acelerado dos projetos representa também um desafio logístico e social. As fases de construção das plantas envolvem, simultaneamente, até 17 mil trabalhadores por empreendimento. “Estamos falando de dois anos com obras intensas em diferentes regiões do Estado. Isso demanda planejamento, estrutura e, principalmente, capacitação de mão de obra”, afirma Verruck.

Para isso, o governo do Estado tem atuado em conjunto com instituições como o Sebrae/MS para preparar os municípios e pequenos empreendedores locais. “Estamos discutindo com o Sebrae/MS como tornar Bataguassu uma cidade empreendedora, com foco em apoiar os pequenos negócios que vão crescer junto com a chegada da indústria”, completou.

Além da unidade da Bracell, em Bataguassu, e da Arauco, em Inocência, já está sendo analisado um novo pedido: o de outra unidade da Bracell, em Água Clara.

“Com segurança jurídica, infraestrutura, política ambiental eficiente e ambiente favorável aos negócios, Mato Grosso do Sul se tornou referência global em celulose. Agora, damos um novo passo ao buscar transformar essa produção dentro do próprio Estado”, concluiu Verruck.

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