17/08/2025 10:02

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Entre as pioneiras da bioenergia em MS, Santa Helena conquista selo Carbon Control, com balanço ambiental positivo

A empresa removeu da atmosfera mais que o dobro do carbono que gerou, consolidando-se como uma usina carbono negativo.

Anderson Viegas

Energética Santa Helena (Foto: ESH/Divulgação).

A Energética Santa Helena, de Nova Andradina, uma das usinas pioneiras na produção de bioenergia em Mato Grosso do Sul, também se tornou uma das protagonistas na transição para uma economia de baixo carbono ao apresentar saldo negativo de emissões de gases de efeito estufa em suas operações em 2024. Essa conquista foi certificada pelo programa Carbon Control, do governo do Estado, sendo uma das primeiras indústrias do Estado e do segmento a obter esse selo verde.

O Carbon Control foi lançado em 10 de junho deste ano pelo governo do Estado, durante o III Fórum Estadual de Mudanças Climáticas, em Bonito (MS). Trata-se de uma plataforma digital desenvolvida pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), para fazer o gerenciamento das emissões e remoções de gases de efeito estufa, os chamados GEEs, no Estado, garantindo agilidade, transparência e eficiência aos inventários ambientais.

A plataforma é uma importante ferramenta no trabalho desenvolvido pelo governo do Estado em parceria com o setor privado e a sociedade civil organizada, para que Mato Grosso do Sul se torne um território carbono neutro, ou seja, em que todas as emissões de GEEs sejam neutralizadas até 2030.

Todas as pessoas físicas e jurídicas cujas atividades gerem emissões ou remoções de GEEs deverão utilizar a plataforma, seja em caráter obrigatório, para fins de licenciamento ambiental, ou de forma voluntária, como parte de ações sustentáveis. O sistema permite o registro de diversas fontes de emissão, como combustão estacionária (em usinas e caldeiras), combustão móvel (em veículos) e emissões fugitivas (como vazamentos de gases).

No caso da Santa Helena, segundo a certificação obtida em 6 de maio deste ano, mesmo produzindo em larga escala bioenergia (etanol e bioeletricidade) e açúcar, a empresa emitiu 106.644,09 toneladas de CO₂ equivalente, mas, por meio de suas práticas sustentáveis e regenerativas, removeu 215.955,21 toneladas de CO₂e do ambiente. O resultado é um balanço ambiental positivo de -109.311,12 tCO₂e, ou seja, a empresa removeu da atmosfera mais que o dobro do carbono que gerou, consolidando-se como uma usina carbono negativo.

Certificado CarbonControl da Santa Helena (Foto: ESH/Divulgação).

Segundo o chefe do Departamento de Segurança e Meio Ambiente (SSMA) da Santa Helena, José Leôncio de Oliveira, as questões de sustentabilidade sempre fizeram parte da cadeia de valor da empresa, mas com a agenda ESG na companhia, esse trabalho foi potencializado, quantificado e passou a gerar evidências mais claras dessas práticas, além de comunicar melhor essas ações a toda a cadeia produtiva.

Ele explicou que, na realização do inventário de emissões da empresa, seguindo as diretrizes da Semadesc, levou-se em conta, entre outros aspectos, o carbono retido no solo, por meio do cálculo da matéria orgânica. “O cálculo do carbono orgânico (CO) a partir da matéria orgânica (MO) do solo é comum em análises agronômicas e ambientais, sendo geralmente realizado com base em um fator fixo, conforme a proporção média de carbono presente na matéria orgânica, de acordo com a metodologia da Embrapa.”

José comenta que a empresa vem evoluindo continuamente na sustentabilidade da sua cadeia produtiva. “Para isso, vem implementando novas práticas agronômicas e melhorias em seus processos, visando à redução gradativa das emissões em toda a cadeia. Na área agrícola, já implementamos ações importantes, entre as quais destacamos a substituição gradual dos fertilizantes químicos por fertilizantes biológicos e/ou orgânicos, o que já representa cerca de 30% da área agrícola.”

Fertirrigação com fertilizantes biológicos (Foto: ESH/Divulgação).

O gestor ressalta também a importância dos colaboradores nesse processo. “A Santa Helena desenvolve um trabalho sólido na área de educação ambiental, com diversas atividades que envolvem seus funcionários, prestadores de serviços e a comunidade do entorno. Esse trabalho fortalece a integração entre empresa e comunidade, além de elevar o nível de conscientização ambiental da empresa.”

José destaca que, para a Santa Helena, a conquista do selo Carbon Control representa, perante os funcionários, clientes, fornecedores e a sociedade, o compromisso em produzir de forma sustentável, gerando valor para a própria empresa, para seus colaboradores e para a sociedade.

Com essa conquista, o gestor diz que a empresa estuda incluir os créditos de carbono, assim como os CBIOs, do programa RenovaBio, em seu portfólio, como uma importante commodity e fonte de receita para a companhia.

Segundo o Imasul, a Santa Helena foi a quarta empresa do setor de bioenergia a obter a certificação Carbon Control. Pouco antes, a Usina Laguna, em Batayporã, e as duas unidades da Adecoagro, em Ivinhema e Angélica, também já haviam conquistado o selo.

Santa Helena
A Energética Santa Helena é uma das usinas pioneiras de Mato Grosso do Sul, originalmente fundada como Destilaria Nova Andradina pela família Moura Andrade. Em 1992, foi adquirida pelo empresário Benedito Silveira Coutinho, o Dito Coutinho, que reergueu a planta, então em crise, e a transformou em referência do setor. Ele também liderou outros projetos relevantes, como a recuperação da usina Santa Fé e a criação da Eldorado, considerada a mais moderna do país à época.

Após a venda da Eldorado, os recursos foram investidos na modernização da Santa Helena. Após o falecimento de Dito, em 2015, a empresa permaneceu sob comando familiar, agora liderada por sua esposa Rosa Maria Macaes Coutinho e os filhos Marcelo, Luis Ricardo e o primo Bruno Fernandes, mantendo o compromisso com produtividade, sustentabilidade e responsabilidade social. Entre os marcos desse trabalho está a Fundação José Silveira Coutinho, com o projeto Anjo da Guarda, que atende crianças com apoio educacional e atividades recreativas, honrando o legado de valorização humana deixado por Dito.

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