De acordo com o MapBiomas, as pastagens ocupam cerca de 160 milhões de hectares no território nacional, e grande parte dessa área apresenta algum grau de degradação.
Da Redação

A Embrapa Gado de Corte, sediada em Campo Grande (MS), é uma das unidades da Embrapa que participam de um novo projeto nacional aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A iniciativa, que recebeu investimento de R$ 2 milhões, vai atuar no diagnóstico, monitoramento e construção de cenários futuros para a recuperação de pastagens degradadas em todo o Brasil.
Coordenado pela pesquisadora Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste, o projeto reúne uma ampla rede de instituições de pesquisa, extensão rural e universidades, com o objetivo de apoiar políticas públicas voltadas à conversão de áreas degradadas em sistemas produtivos mais sustentáveis.
De acordo com o MapBiomas, as pastagens ocupam cerca de 160 milhões de hectares no território nacional, e grande parte dessa área apresenta algum grau de degradação. Esse quadro compromete a produtividade, a saúde do solo, o desempenho animal e a sustentabilidade da produção pecuária.
“O aprimoramento dos métodos de diagnóstico é necessário para o estabelecimento de metas e monitoramento das políticas públicas relacionadas às pastagens, como a Taxonomia Sustentável Brasileira e o Programa Caminho Verde”, destaca Patrícia Santos.
Entre os resultados esperados do projeto estão indicadores de qualidade de pastagens, protocolos de coleta de dados, bancos de dados para uso com inteligência artificial, sistemas de mapeamento com imagens de satélite, avaliação de cenários de conversão e impactos sobre emissões de carbono e adaptação às mudanças climáticas.
A Embrapa Gado de Corte, ao lado de outras unidades como Embrapa Leite, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Cerrados e Embrapa Solos, contribuirá com estudos em regiões estratégicas para a pecuária nacional, incluindo o bioma Cerrado, onde o processo de degradação é particularmente sensível.
Além da Embrapa, o projeto conta com a participação da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Instituto de Zootecnia, universidades federais (Viçosa, Ceará, Goiás, Rio Grande do Sul, Fluminense), Emater-MG, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e apoio da University of Edinburgh e do Climate Policy Initiative.
Impactos esperados
A recuperação de pastagens degradadas pode representar um salto de produtividade e renda para os produtores. Estimativas da Embrapa apontam que áreas degradadas produzem cerca de 150 kg de peso vivo por hectare/ano. Já em áreas recuperadas, essa produtividade pode dobrar ou triplicar.
Além do ganho econômico, os benefícios ambientais são significativos: melhoria da fertilidade do solo, aumento da matéria orgânica, controle da erosão, melhor infiltração da água, sequestro de carbono e preservação dos recursos hídricos.
O avanço do projeto também pretende contribuir com o Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa e fortalecer o papel do setor pecuário nas metas ambientais assumidas pelo Brasil.