08/07/2025 07:12

Ataque histórico, aproximação da área urbana e carcaça de cachorros: onça vira temor no Pantanal e especialistas buscam motivos

O último feriado de 21 de abril ainda vai demorar a ser digerido pelos pantaneiros. Aliás, não só eles. Pessoas do mundo inteiro tiveram acesso a triste notícia, do ataque ao pescador Jorge Avalo, de 60 anos. Ele foi morto por uma onça-pintada no Pantanal de Mato Grosso do Sul e o animal foi capturado posteriormente e encaminhado para um centro de reabilitação, no interior paulista.

O caso gerou grande repercussão desde então e preocupação na região pantaneira, especialmente pela possibilidade de novos ataques. Enquanto isso, o animal passou por exames detalhados, entre outras avaliações, sendo comprovado que houve o ataque. Por outro lado, pantaneiros e, inclusive, órgãos ambientais envolvidos, falam em ceva por parte da vítima.

A reportagem do Made In MS levantou informações sobre o assunto e, conversando com corumbaenses, constatou o temor, principalmente pela aproximação na área urbana e diversos cachorros que sumiram misteriosamente ou então apenas foram encontradas suas carcaças.

“O onça veio e levou o Rex. Falei: ‘Passou’. Quando foi em uma segunda-feira, que estava chovendo, ela voltou e levou. Aí eles [nora e genro] escutaram os cachorros, meu genro levantou, e foi. E ela já ia indo com o cachorro na boca. Ele disse que não teve coragem, daí ela foi indo com ela na boca”, afirmou D. Maria Auxiliadora, de 60 anos, tradicional moradora da Cacimba da Saúde e pescadora aposentada de Corumbá.

Quando houve o primeiro avistamento?

(Freepik/Reprodução)

De forma oficial, o primeiro avistamento de onça-pintada na área urbana de Corumbá (MS) vem tendo registros oficiais desde 24 de março deste ano, conforme comunicados da população e autoridades locais ao IHP (Instituto Homem Pantaneiro). Os avistamentos foram na região da Cacimba da Saúde e o outro no Mirante da Capivara, onde, inclusive, houve mais um relato neste fim de semana.

Desde então, já foram relatados avistamentos também na região do Parque Municipal Marina Gattass, área da Agesa (rodovia Ramão Gomes), em frente ao posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal), rodovia Ramão Gomes, na PMA (Polícia Militar Ambiental), também às margens da rodovia Ramão Gomes e perto do Canal Tamengo; e no Mirante da Capivara, bairro Dom Bosco, onde houve um registro filmado em 23 de maio.

Com todas as informações e apurações em andamento, o Instituto diz que ainda é prematura falar em quantos animais estariam rondando a área urbana de Corumbá. Enquanto isso, o IHP, a PMA, a Fmap (Fundação de Meio Ambiente do Pantanal), pertencente à prefeitura de Corumbá, o Corpo de Bombeiros, Câmara Municipal de Corumbá e à população em geral seguem em alerta, além de participarem de atividades de educação ambiental.

Conforme especialistas, o fato do rio Paraguai ter elevação em seu nível agora em 2025, se comparado a 2024, e aumentar áreas inundadas nos campos é um fator que pode fazer essa espécie procurar áreas mais altas. A cidade está localizada em região mais alta.

Além disso, a possível presença de descarte incorreto de alimentos em regiões onde houve o avistamento de um animal é fator de alerta, pois isso pode atrair tanto a onça, como outras espécies de animais para próximo de áreas urbanas. Ainda existe o fator dos incêndios de 2024, que podem também interferir nos deslocamentos da onça-pintada para locais mais perto da cidade.

Avistou o animal, onde ligar?

Em caso de emergências ou avistamento de animais silvestres, o IHP orienta que a pessoa que fez o avistamento faça contato pelos telefones (67) 3232-2469 ou (67) 99266-4052 e comunique Local/Data/Horário aproximado do avistamento. No caso de registro do animal, compartilhar o mesmo para as autoridades.

Orientações básicas para segurança:

– Não se aproxime da onça. Evite qualquer tentativa de contato muito próximo, mesmo que o animal pareça calmo;

– Onças com filhotes ou carcaças podem ser mais agressivas. Redobre os cuidados nesses casos;

– Mantenha luzes externas acesas em locais com possível presença da espécie;

– Nunca alimente onças e não jogue resíduos orgânicos em locais onde houve o registro desses animais;

– Locais onde haja suspeita da “ceva” (oferta de alimentos para animais selvagens), prática considerada crime pela legislação ambiental, devem ser evitados porque trazem grande risco de conflito com as onças, bem como devem ser denunciados à Polícia Militar Ambiental;

– Verifique pelo caminho que estiver percorrendo a presença de pegadas. Se essas pegadas sinalizam serem frescas ou antigas, e evite andar sozinho nesses locais;

– Caso encontrar com uma onça no trajeto, evite a aproximação e tente manter a maior distância possível até que o animal saia do contato visual;

– Se você estiver frente a frente com uma onça, não se vire e não corra – esse comportamento pode remeter ao de uma presa e causar reação do animal;

– Ainda no caso de estar frente a frente com uma onça, mantenha contato visual e procure distanciar-se andando para trás sem movimentos bruscos;

– Depois que a onça sair do contato visual, procure evitar o trajeto ou, se precisar seguir adiante, espere algumas horas para percorre-lo, sempre com atenção ao caminho.

(Fonte: IHP)

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