Estrutura ligando Pozo Hondo a Misíon La Paz deve substituir travessia acanhada e garantir fluxo de cargas pela rota que encurta caminho ao Pacífico.
Anderson Viegas
Os governos do Paraguai e da Argentina iniciaram os estudos técnicos para a construção de uma nova ponte internacional sobre o rio Pilcomayo, entre Pozo Hondo, no Chaco paraguaio, e Misíon La Paz, no território argentino. A obra faz parte das ações de estruturação da Rota Bioceânica, corredor internacional de mais de 3,4 mil quilômetros que conecta o porto de Santos, no Brasil, aos portos chilenos de Antofagasta e Iquique, passando também pelo Paraguai e pela Argentina.
A ministra de Obras Públicas y Comunicaciones do Paraguai, Claudia Centurión, esteve nesta semana no local da futura travessia acompanhada por engenheiros, autoridades locais e representantes da empresa responsável pelo estudo técnico.
Segundo ela, a visita teve como objetivo definir as ações necessárias para viabilizar o novo eixo de ligação entre os dois países, hoje atendido por uma ponte modesta, insuficiente para comportar o fluxo de caminhões previsto com o pleno funcionamento da rota.
“Estamos analisando todos os detalhes de como será conduzido o projeto em Pozo Hondo, garantindo o desenvolvimento urbano e projetando o que será o futuro corredor, diretamente no terreno”, afirmou a ministra.
Ela explicou que o estudo executivo de engenharia está em elaboração e, quando concluído, será apresentado ao governo argentino, dando sequência ao anúncio feito no último dia 16 de setembro pelo presidente da Argentina, Javier Milei, durante visita oficial a Assunção.
Do lado brasileiro, a principal obra da Rota Bioceânica também avança. A ponte internacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, no Paraguai, superou 82% de execução até agosto deste ano, segundo o Ministério de Obras Públicas paraguaio.
Com 1.294 metros de extensão e 21 metros de largura, a estrutura estaiada será conectada a um complexo alfandegário e a 13,1 quilômetros de acessos do lado brasileiro, incluindo seis pontes intermediárias. A previsão de conclusão é o segundo semestre de 2026.
A Rota Bioceânica é considerada um dos projetos mais estratégicos da integração sul-americana. O corredor rodoviário promete reduzir em até 30% os custos logísticos e em até 15 dias o tempo de transporte para mercados asiáticos, em relação ao trajeto tradicional via oceano Atlântico.
Segundo a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o percurso pode encurtar em até 9,7 mil quilômetros a distância marítima entre o Brasil e a Ásia. Além de ganhos econômicos, a rota também deve fortalecer cadeias produtivas regionais, ampliar o turismo e estimular o intercâmbio entre os quatro países participantes.
