27/09/2025 19:44

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Mais de 55% das gestações no Brasil não são planejadas; especialistas destacam importância do acesso a contraceptivos

Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz indica que mais de 55% das gestações no Brasil não são planejadas. Entre as adolescentes, esse índice salta para mais de 80%, trazendo uma série de riscos à saúde e impactos socioeconômicos.

Diante de cenários como esse, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 26 de setembro como o Dia Mundial da Contracepção. Nos Hospitais Universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), profissionais trabalham para garantir que homens e mulheres escolham quando e se querem ter filhos.

Riscos da gravidez não planejada

Uma gravidez sem planejamento, especialmente na adolescência, pode ocasionar riscos médicos, como eclâmpsia, anemia, infecções e até mortes materna e neonatal. Além dos perigos à saúde, os riscos sociais são significativos.

“Muitas jovens param de estudar para criar o recém-nascido, diminuindo as chances de melhoria de vida e mantendo o ciclo de pobreza”, contextualizou a chefe da Divisão Médica da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará (Meac-UFC), Zenilda Bruno, fundadora do primeiro Ambulatório do Adolescente no Brasil.

Acesso aos métodos mais modernos

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma variedade de métodos contraceptivos. Os métodos mais utilizados são a pílula anticoncepcional, o preservativo masculino, a laqueadura feminina, os anticoncepcionais injetáveis e os métodos de longa duração (LARCs). No entanto, a disponibilidade dos métodos mais modernos e eficazes ainda pode ser vista como um desafio.

“O panorama atual ainda é deficitário. A disponibilização gratuita dos métodos ainda não acompanha a evolução e as evidências do impacto dos contraceptivos de longa duração na saúde da mulher”, destaca a chefe de Atenção à Saúde da Mulher do Hospital Universitário do Piauí (HU-UFPI), Michele Rodrigues.

A expectativa para mudar essa realidade está na recente ampliação anunciada pelo Ministério da Saúde (MS), que passará a distribuir o Implanon, um implante subcutâneo que é inserido no braço da mulher e tem duração de três anos.

O dispositivo já está sendo orfertado e implantando em alguns hospitais da Ebserh. Na rede privada, ele pode custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. A previsão do MS é distribuir 1,8 milhão de unidades até 2026, com 500 mil ainda este ano.

Especialistas reforçam que os LARCs são considerados os mais seguros e com menos efeitos colaterais. Porém, a população mais vulnerável ainda encontra barreiras de acesso.

“Os melhores métodos são caros e inacessíveis para a maioria. Por isso, o programa do Ministério da Saúde é fundamental”, destacou o ginecologista do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), Márcio Rezende.

Importância da atenção individualizada

Nos ambulatórios de planejamento familiar, presentes nos hospitais universitários vinculados à Ebserh, mulheres e suas parcerias são acolhidas para discutir as opções contraceptivas, os critérios de elegibilidade para cada método, além do impacto de uma contracepção efetiva no enfrentamento contra a gravidez não planejada.

Para a ginecologista, obstetra e chefe do Ambulatório da Saúde da Mulher do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA), Lorena Porto, falar sobre contracepção é dar para a pessoa o poder de ter o controle do seu futuro reprodutivo.

“Existem mulheres que, além da anticoncepção, querem melhorar o sangramento uterino ou tratar de alguma doença ginecológica. Por isso a importância da escolha contraceptiva individualizada”, reforçou.

Contracepção Masculina: Para além da camisinha e vasectomia

Para os homens, os métodos mais comuns de contracepção continuam sendo a camisinha, que também protege contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), e a vasectomia. No entanto, a ginecologista Emilcy Rebouças, da Meac, ressalta que o papel do homem vai além.

“É importante que os homens também tenham acesso a informações sobre prevenção de gravidez e de ISTs para que apoiem a parceira e atuem como replicadores da informação”.

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