19/08/2025 04:11

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Patas pra que te quero: onça-pintada ‘some na braquiária’ ao fugir da gangue das queixadas no Pantanal

Flagra de armadilha fotográfica na Serra do Amolar mostra cena inusitada em que o temido predador é surpreendido por um bando de queixadas.

Da Redação

Era uma sexta-feira, por volta das 14h50, sol a pino no Pantanal e termômetros passando dos 30 °C. Acuri, um macho adulto no auge da idade, dono do território e figura conhecida na Serra do Amolar, fazia seu passeio preguiçoso pela Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, em Corumbá (MS). O cenário era de tranquilidade, até que um estrondo mudou o roteiro da tarde: uma manada de queixadas apareceu em disparada e fez o imponente predador de topo de cadeia sair correndo em velocidade. Veja no vídeo acima.

Foram literalmente “patas pra que te quero”. Acuri mostrou por que estudos apontam que uma onça-pintada adulta pode alcançar até 80 quilômetros por hora. Em poucos segundos, ele sumiu no meio da braquiária, deixando para trás a “gangue” dos queixadas, que vinha em desabalada carreira.

Os vídeos, captados no dia 27 de junho por armadilhas fotográficas do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e divulgados neste fim de semana, registraram uma cena que faz jus ao ditado popular: um dia da caça, outro do caçador. Dessa vez, foi a onça que precisou mudar de rota para escapar da pressão coletiva do grupo.

De acordo com os técnicos do IHP, o bando reunia cerca de 30 indivíduos, número considerado pequeno diante de registros de grupos de 50 a 100 animais, ou até mais. A estratégia, no entanto, é a mesma: juntos, eles fazem barulho, fazem o chão tremer e contam com dentes potentes capazes de intimidar até o mais temido felino das Américas.

As armadilhas fotográficas instaladas na Trilha Sul, um caminho que leva a um ponto de água bastante disputado por diversas espécies, têm permitido revelar momentos como esse. Os registros ajudam não apenas a contar histórias curiosas, mas também a produzir dados científicos importantes para entender o comportamento da fauna e fortalecer ações de conservação no Pantanal.

Mesmo sendo um caçador nato e símbolo de força, Acuri precisou respeitar a lei da coletividade. Tanto ele quanto os queixadas figuram em listas de espécies com algum grau de ameaça no Brasil. Por isso, cada cena flagrada reforça a importância da preservação desse bioma único, onde até os maiores predadores precisam reverenciar a força da natureza.

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