Frigoríficos suspendem embarques e buscam novos mercados após entrada em vigor de tarifa de 50% sobre o produto brasileiro.
Anderson Viegas

Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) a tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre diversos produtos brasileiros, incluindo a carne bovina, principal item da pauta de exportações de Mato Grosso do Sul para o mercado norte-americano.
A medida resultou na suspensão imediata dos embarques pelas quatro plantas frigoríficas do Estado atualmente habilitadas para atender o mercado dos EUA, conforme informou o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicadems), Régis Comarella.
Segundo Comarella, a decisão das indústrias foi motivada pela inviabilidade econômica diante do impacto do novo custo imposto pela tarifa. “Hoje a situação é a seguinte, os frigoríficos que exportam para os Estados Unidos continuam suspensos”, afirmou.
Ele destacou ainda que as empresas já reduziram as escalas de abate e estão em busca de alternativas, direcionando a produção para outros mercados, conforme as habilitações de cada planta.Entre os principais destinos considerados pelas indústrias estão Japão, Chile, México e países da Ásia. A mudança também deve impactar o mercado interno, especialmente nos preços da carne de segunda, como o dianteiro bovino, principal corte exportado para os EUA.
“Era esperada uma baixa da carne de segunda pelo momento. Houve uma baixa, pouco sensível, só que o que acontece, as escalas encurtaram, está difícil fazer escala, o preço [da arroba] voltou a subir”, explicou o presidente do Sicadems.
A expectativa, segundo ele, em razão desse contexto, é de que os preços se mantenham estáveis ou apresentem apenas uma leve queda.
Em 2024, Mato Grosso do Sul exportou US$ 215,8 milhões em carne bovina desossada e congelada para os Estados Unidos, valor que representou 32,2% de todas as vendas do Estado ao país.
A carne bovina foi o único grande item da pauta estadual que não recebeu isenção no pacote tarifário, ao contrário da celulose e do ferro-gusa, que juntos somaram mais de US$ 330 milhões e continuam com acesso livre ao mercado norte-americano.