Com mais de 52% do consumo no ciclo Otto em 2024 e 2025, combustível renovável avança e pode ser priorizado pela frota pública estadual, segundo projeto apresentado na Assembleia.
Da Redação
O etanol permanece como o principal combustível utilizado por veículos do ciclo Otto em Mato Grosso do Sul. Levantamento realizado pelo Made in MS com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) referentes ao primeiro semestre de 2024 e ao mesmo período de 2025 revela que a soma do etanol hidratado e do etanol anidro já representa mais de 52% do volume total abastecido em veículos leves no Estado. O avanço é impulsionado pela predominância da frota flex, pela produção local e pela competitividade de preços do biocombustível.
Em 2024, o volume total consumido no ciclo Otto em Mato Grosso do Sul, que considera os veículos com motores de ignição por centelha, alcançou 528,8 milhões de litros. Deste total, 182 milhões de litros foram de etanol hidratado e 93,6 milhões correspondem ao etanol anidro misturado à gasolina, totalizando 275,6 milhões de litros ou 52,13% do consumo. No mesmo período de 2025, os números apontam para 179,4 milhões de litros de etanol hidratado e 92,6 milhões de anidro, somando 272 milhões de litros, equivalentes a 52,05% do total de 522,5 milhões de litros.
A gasolina C, com composição obrigatória de 27% de etanol anidro até 31 de julho, teve uma -parte efetivamente fóssil de 253,1 milhões de litros em 2024 e 250,5 milhões de litros em 2025. Esses volumes ficaram abaixo do total de etanol consumido no Estado, indicando o protagonismo do biocombustível em uma matriz mais limpa.
Mato Grosso do Sul é o quarto maior produtor nacional de etanol. Com 22 usinas em operação, sendo 19 que utilizam a cana-de-açúcar e 3 o milho como matéria-prima, o Estado deve produzir 4,7 bilhões de litros de etanol no ciclo 2025/2026, fortalecendo sua posição no setor sucroenergético e no fornecimento interno de combustível.
O estímulo ao uso do etanol também chegou ao setor público. Começou a tramitar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, na última sexta-feira (1º), o Projeto de Lei 189/2025, de autoria do deputado Pedrossian Neto (PSD), que incentiva a administração pública estadual a dar preferência ao etanol no abastecimento da frota oficial. A proposta estabelece diretrizes para que o combustível seja priorizado sempre que o preço for igual ou inferior a 70% do valor da gasolina, desde que haja compatibilidade técnica com o veículo.
Além da economia, o texto destaca o papel ambiental do etanol como alternativa de menor impacto. “Ao incentivar o uso de um combustível renovável e menos poluente como o etanol, o Estado contribui de forma concreta para a mitigação dos impactos ambientais decorrentes do uso de combustíveis fósseis”, argumenta o deputado Pedrossian Neto na justificativa da proposta.
Após o período para recebimento de emendas, a proposta será analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Com parecer favorável, seguirá para as comissões de mérito e, posteriormente, para votação em plenário.
E30
A elevação da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina tipo C de 27% para 30% (E30), aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e em vigor desde 1º de agosto, representa um avanço estratégico para a cadeia de biocombustíveis no Brasil, com impactos diretos e positivos em Mato Grosso do Sul. De acordo com a Biosul, entidade que representa o setor no Estado, a ampliação da mistura fortalece a indústria local, estimula novos investimentos, gera empregos e amplia a arrecadação tributária, reforçando o papel de Mato Grosso do Sul como um dos principais produtores de energia limpa do país e protagonista na transição energética nacional.
