18/08/2025 11:06

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Polêmica no Centro continua e CDL diz que Praça dos Imigrantes ‘apodrece’ após expulsão dos artesãos

CDL denuncia promessa não cumprida e alerta para o colapso do comércio e da cultura no coração de Campo Grande.

Da Redação

Após o anúncio do fechamento de lojas, queixa sobre aluguel caro e o descaso com a região central de Campo Grande, agora a denúncia se estende a Praça dos Imigrantes, que virou cenário de degradação e omissão. O que antes era ponto de referência para mais de 100 artesãos, frequentado por turistas e famílias, está hoje entregue ao vandalismo e à indiferença do poder público.

A promessa de reforma virou mais uma falta de respeito, conforme denúncia da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) local, que cobra da Prefeitura uma resposta concreta. “Esse é mais um retrato da omissão da gestão municipal. Um espaço onde dezenas de trabalhadores sobreviviam com dignidade foi fechado sob promessa de reforma — e nada foi feito. Falta de dinheiro não é. O que falta é vontade política, decisão e trabalho”, afirmou o presidente da entidade, Adelaido Vila.

Adelaido lembra que ele, pessoalmente, apoiou a eleição da atual gestão, com a expectativa de uma cidade bem cuidada e um Centro revitalizado. “É hora de honrar os compromissos. A cidade está pedindo socorro. Campo Grande precisa ser cuidada com seriedade, não com discursos de gaveta”, dispara.

O desmonte de um espaço histórico
Para os artesãos, a situação representa não apenas a perda de um ponto de venda, mas de dignidade. A artesã Bia Barros, que há anos trabalha com biojoias produzidas com materiais como couro, sementes e chifre bovino, foi uma das fundadoras da praça. Ela relembra que o espaço nasceu da luta de um grupo de artesãos com apoio da antiga Fundac e do então prefeito André Puccinelli.

“Foi uma conquista. Começamos com 30 artesãos e chegamos a mais de 100. Era um espaço vivo, com cultura, turismo e geração de renda. Hoje, é só mato, lixo e abandono. A promessa era de reforma em 3 a 4 meses. Isso foi em julho de 2023. Já são quase dois anos de silêncio e descaso”, denuncia.

Desprezo institucional à cultura e ao trabalhador
Bia é contundente ao criticar a falta de ação do poder público. “A prefeita Adriane e a Câmara dos Vereadores ignoraram o único espaço digno que os artesãos da Capital tinham. A praça virou símbolo da falta de compromisso com a cultura local e com os pequenos empreendedores”, afirma.

Além da queda drástica na renda, os profissionais enfrentam um esvaziamento emocional. “O impacto foi em tudo: financeiro, psicológico, na autoestima. Perdemos o contato com o público e o valor do nosso trabalho”, lamenta a artesã.

Espaços alternativos são paliativos insuficientes
Desde a interdição da praça, os artesãos foram realocados de forma improvisada em espaços como a Morada dos Baís, que também enfrenta abandono, e em lojas colaborativas mantidas por associações em shoppings. A experiência, no entanto, está longe de suprir o vazio deixado pela Praça dos Imigrantes.

“Não adianta jogar os artesãos em cantos isolados da cidade. Precisamos de visibilidade, de locais pensados para atrair público, cultura, gastronomia e arte. A praça precisa renascer com um novo projeto, que valorize o artesanato e traga as famílias de volta”, sugere Bia.

CDL exige respostas e retomada imediata
Para a CDL, a situação da Praça dos Imigrantes mostra o abandono sistemático do Centro de Campo Grande, que vem perdendo comércio, segurança e vitalidade. “Não é mais possível aceitar desculpas. A Prefeitura precisa assumir suas responsabilidades, apresentar um cronograma real de obras e devolver à população um espaço que é dela por direito”, afirma Adelaido.

A entidade coloca-se à disposição para dialogar, cobrar e contribuir com soluções, mas exige um ponto final no ciclo de promessas não cumpridas. “Campo Grande não pode ser administrada com improviso. A cidade precisa de planejamento, execução e respeito às pessoas que fazem a economia girar todos os dias”, conclui.

Por diversas vezes, a CDL Campo Grande tentou agendar uma reunião com a prefeita Adriane Lopes para tratar da situação do abandono da região central. Apesar da insistência, seguimos sem retorno. Fomos recebidos pela Câmara Municipal e pelo Governo do Estado, mas, até o momento, a Prefeitura permanece em silêncio.

Diante da ausência de diálogo institucional, resta-nos recorrer à mídia para tornar pública a indignação do setor produtivo e exigir o mínimo de respeito com os trabalhadores da economia criativa e com o comércio da nossa cidade. Não receber a CDL é ignorar 47 anos de história e mais de 8.500 associados dedicados à defesa e ao fortalecimento do varejo local.

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