19/12/2025 19:37

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Adiamento da assinatura do acordo Mercosul-União Europeia frustra indústria, avalia CNI

Confederação mantém expectativa de assinatura em janeiro e aponta tratado como estratégico para ampliar exportações, investimentos e competitividade da economia brasileira.

Da Redação

CNI avalia impacto do adiamento da assinatura do acordo Mercosul-União Europeia para a indústria brasileira. (Foto: Confederação Nacional da Indústria/Divulgação).

A Confederação Nacional da Indústria manifestou frustração com o adiamento da assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, prevista para ocorrer neste sábado (20), durante a 67ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul. Após mais de 25 anos de negociações, a falta de consenso entre países europeus impediu a formalização do tratado, considerado estratégico para a integração econômica entre os dois blocos.

Segundo a CNI, apesar do recuo momentâneo, ainda há espaço para diálogo e construção das condições políticas necessárias para que a assinatura seja concluída no início do próximo ano. A entidade avalia que o texto negociado apresenta equilíbrio relevante entre interesses econômicos, sociais e ambientais e permanece como uma base sólida para o encerramento do processo.

De acordo com a confederação, a entrada em vigor do acordo representa uma oportunidade concreta para ampliar a inserção internacional do Brasil, atrair investimentos, estimular ganhos de produtividade e fortalecer a competitividade da indústria nacional. Apenas em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado do Brasil para a União Europeia foram criados 21,8 mil empregos, movimentados R$ 441,7 milhões em massa salarial e gerados R$ 3,2 bilhões em produção.

“Adiar a assinatura do acordo neste momento é motivo de frustração, especialmente diante do longo histórico de negociações, mas esperamos que o empenho em firmar essa parceria seja mantido para que o processo seja concluído o quanto antes, em benefício de uma integração econômica do Mercosul com a União Europeia”, avalia o presidente da CNI, Ricardo Alban.

A confederação destaca que atua de forma contínua em defesa do acordo por meio da Coalizão Empresarial Brasileira, que reúne entidades de diversos setores da economia e tem contribuído para a construção de consensos e propostas equilibradas ao longo das negociações. Para a indústria, a agenda de inserção internacional precisa ser mantida ativa, tanto com a União Europeia quanto com outros parceiros estratégicos.

Nesse contexto, a CNI reforça a importância das negociações em andamento com países como Canadá e México, além da ampliação de diálogos com parceiros da América Central e o Reino Unido, bem como o aprimoramento de acordos já existentes. A entidade defende uma estratégia pragmática de diversificação de mercados, com foco na redução de barreiras e no fortalecimento da competitividade das empresas brasileiras.

Além dos ganhos comerciais, o acordo Mercosul-União Europeia estabelece regras modernas em áreas como desenvolvimento sustentável, propriedade intelectual, facilitação de comércio e normas sanitárias, contribuindo para maior previsibilidade e segurança jurídica. O texto também prevê cooperação científica e tecnológica, com potencial para projetos conjuntos em áreas como captura de carbono, uso industrial de CO2, reciclagem de baterias e minerais críticos.

A União Europeia é atualmente o principal investidor estrangeiro no Brasil, respondendo por 31,6% do estoque de investimento produtivo externo em 2023, o equivalente a US$ 321,4 bilhões. Em 2024, o bloco respondeu por 14,3% das exportações brasileiras e por 17,9% das importações, consolidando-se como o segundo principal parceiro comercial do país. Para a CNI, concluir o acordo é fundamental para aprofundar essa relação econômica e reverter a perda de participação da indústria de transformação nas exportações brasileiras ao mercado europeu.

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