20/11/2025 18:47

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Capacitação e nova Casa de Extração fortalecem produção de mel de indígenas em Brasilândia

A comunidade indígena da Aldeia Anodi, na Terra Indígena Ofaié, recebeu uma Casa de Extração de Mel totalmente equipada para o processamento da produção local. A iniciativa foi coordenada pelo escritório da Agraer de Brasilândia, sob liderança da engenheira agrônoma Francielle Louise Malinowski, com apoio técnico do setor de ATER em Apicultura, representado pela engenheira agrônoma Francimar Perez, e da área de Agroindústria, com a economista doméstica Mariana Corrêa.

A estrutura foi entregue juntamente com um conjunto de equipamentos essenciais para o beneficiamento do mel, como centrífuga elétrica, decantadores e materiais de consumo. A ação integra o projeto “Implantação de casa de extração de mel na Aldeia Anodi – Terra Indígena Ofaié: O povo do mel”, vinculado ao edital Fundect/Semadesc/Seaf 12/2023 – Extensão Tecnológica para Agricultores Familiares, Povos Originários e Comunidades Tradicionais. Ao todo, foram investidos R$ 60 mil para a viabilização dessa agroindústria.

Durante a entrega, a equipe da Agraer realizou capacitações em Boas Práticas de Colheita e Beneficiamento do Mel, Boas Práticas de Higiene em Agroindústrias e treinamento específico para uso dos novos equipamentos. A preparação técnica incluiu desde o manejo seguro até as etapas finais de envase e rotulagem.

O projeto está em execução desde dezembro do ano passado. Após reuniões iniciais com os beneficiários para definição do local e ajustes da infraestrutura, o primeiro semestre foi dedicado à aquisição do contêiner adaptado e dos equipamentos. Recentemente, com apoio da Prefeitura de Brasilândia, foram concluídas as instalações elétricas e hidráulicas, garantindo o pleno funcionamento da casa de extração.

Para a coordenadora local da Agraer, Francielle Malinowski, o avanço representa mais do que infraestrutura — é também um reconhecimento cultural. “A comunidade Ofaié tem uma relação ancestral com o mel. Levar tecnologia, segurança e boas práticas para esse território é fortalecer essa identidade e permitir que eles avancem na produção com autonomia e qualidade”, afirmou.

A economista doméstica Mariana Corrêa, responsável pela capacitação em manipulação de alimentos, destaca que a iniciativa garante segurança e organização ao processo produtivo.

“Ensinar as boas práticas é garantir que cada frasco de mel carrega não só o sabor, mas também a confiança e o cuidado de toda a comunidade. Ver as mulheres e jovens participando ativamente mostra o potencial dessa cadeia produtiva”.

A voz da comunidade: o mel como ancestralidade

Representante dos apicultores locais, o indígena Carlos Coimbra, da Aldeia Anodi, reforçou a importância da presença da Agraer no território.

“A Agraer é muito importante. Sem ela a gente não sabia o caminho certo a percorrer, até na venda do produto, na entrega dos programas. A Agraer é fundamental para nós. O trabalho da Fran é essencial”.

Carlos também destacou o impacto direto dos novos equipamentos para a agroindústria de mel na aldeia. “Antes de a gente receber os equipamentos, era tudo manual. A produção era pouca e desperdiçava muito mel. Agora, com essas máquinas mecanizadas, vai melhorar muito. Antes, nossa produção anual era em torno de 300, 350 quilos de mel. Com tudo mecanizado, vai mais que dobrar essa produção, com menos desperdício. Está facilitando muito, porque agora temos um lugar adequado para fazer a extração”.

O projeto também desenvolveu um rótulo próprio para o mel da aldeia, incorporando elementos culturais e visuais que representam a identidade do Povo Ofaié. Como se trata de território indígena, o mel processado será destinado à própria comunidade por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), modalidade doação simultânea, dispensando a exigência de inspeção oficial para produtos de origem animal.

Conhecidos como “O Povo do Mel”, os Ofaié preservam saberes antigos sobre espécies de abelhas nativas — muitas delas nomeadas em sua língua materna. O acompanhamento da Agraer ocorre desde 2021, incluindo três módulos de capacitação em apicultura e meliponicultura conduzidos pela zootecnista Jovelina Maria de Oliveira. As famílias também recebem atendimento contínuo do escritório local e apoio na execução de projetos de comercialização, garantindo geração de renda e segurança alimentar.

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