20/11/2025 18:55

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Pantanal tem redução de 75% na frequência anual de áreas alagadas, aponta MapBiomas

Perda de cobertura vegetal no Planalto da Bacia do Alto Paraguai agrava a seca no bioma.

Da Redação

Pantanal enfrenta o período mais seco em 40 anos, com perda de 75% das áreas alagadas anuais, segundo levantamento do MapBiomas. (Foto: MapBiomas/Divulgação).

O Pantanal, a maior planície alagável do mundo, enfrenta o período mais seco das últimas quatro décadas. Levantamento do MapBiomas, com base na Coleção 10 de mapas de cobertura e uso da terra no Brasil, indica que a área anual alagada no bioma diminuiu 75% entre 1985 e 2024.

O estudo revela que a superfície inundada passou de 1,6 milhão de hectares na primeira década (1985-1994) para 460 mil hectares na última (2014-2024). O ano de 2024 foi o mais seco de toda a série histórica, com área alagada 73% abaixo da média. A última grande cheia, em 2018, foi 22% mais seca do que a de 1988, considerada a primeira grande cheia da série. A cada década, as cheias são menores e as secas mais severas.

As alterações na planície pantaneira estão relacionadas às transformações ocorridas no Planalto da Bacia do Alto Paraguai (BAP), região onde nascem os rios que abastecem o Pantanal. A BAP compreende áreas de Mato Grosso (48%, ou 17,4 milhões de hectares, correspondendo a 19% do estado) e Mato Grosso do Sul (52%, ou 18,6 milhões de hectares, o equivalente a 53% do estado).

O bioma Pantanal corresponde à Planície, enquanto o Planalto é formado majoritariamente por Cerrado (83%) e Amazônia (17%).As perdas de vegetação nativa foram mais intensas no Planalto, com impacto direto sobre o fluxo de água entre as duas regiões. A área natural caiu de 72% para 46% em Mato Grosso e de 59% para 36% em Mato Grosso do Sul, o que representa uma perda total de 5,2 milhões de hectares (37%) de cobertura vegetal entre 1985 e 2024. No mesmo período, a agricultura aumentou 3,8 vezes, com expansão de 1,4 milhão de hectares, sendo a soja responsável por 80% das áreas agrícolas. A pastagem também cresceu 4,4 milhões de hectares sobre áreas de vegetação nativa, intensificando o uso antrópico no Planalto.

“As variações climáticas e de precipitação na BAP determinam o pulso anual de cheias no Pantanal. A perda de florestas e savanas fragiliza a proteção dos solos nas cabeceiras do bioma, o que interfere no fluxo de água que chega à planície. Em 1985, 33% do Planalto, ou sete milhões de hectares, já eram de uso antrópico. Em 2024, praticamente 60% do Planalto é antropizado”, explica Eduardo Reis Rosa, coordenador da equipe Pantanal do MapBiomas.

Segundo o MapBiomas, a condição das pastagens no Planalto também preocupa. Em 2024, 63% dessas áreas apresentavam baixo ou médio vigor vegetativo. Do total de 8,6 milhões de hectares de pastagem, a porção da Amazônia (2,06 milhões de hectares) tem 52% de baixo vigor e 40% de médio vigor, enquanto no Cerrado (6,62 milhões de hectares) 14% têm baixo vigor e 41% médio vigor.

Na Planície Pantaneira, as mudanças também foram significativas. A área natural caiu de 96% para 84% entre 1985 e 2024, o que corresponde à perda de 1,7 milhão de hectares de vegetação nativa. Em Mato Grosso, a redução foi de 0,7 milhão de hectares (de 96% para 84%) e, em Mato Grosso do Sul, de 1,1 milhão de hectares (de 96% para 85%).

A conversão de vegetação nativa em pastagem na Planície chegou a 1,7 milhão de hectares em 40 anos. A área de pastagem saltou de 563 mil hectares em 1985 para 2,2 milhões de hectares em 2024. O levantamento mostra ainda que 85% das pastagens pantaneiras apresentavam baixo ou médio vigor vegetativo no último ano. A mineração foi a atividade que mais cresceu proporcionalmente na última década, com aumento de 60%.

Em toda a Bacia do Alto Paraguai, as áreas agropecuárias aumentaram de 21% em 1985 para 40% em 2024, o que representa 7,5 milhões de hectares de vegetação nativa convertidos em quatro décadas. Desse total, 84% (12 milhões de hectares) da agropecuária estão no Planalto e 16% (2,3 milhões de hectares) na Planície.

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