Glauce Casimiro avaliou o primeiro dia de provas e destacou a coerência entre a redação e os enunciados de linguagens e ciências humanas, que abordaram temas sociais e intergeracionais.
Da Redação

A professora mestre Glauce Soares Casimiro, da Universidade Anhanguera-Uniderp, que foi avaliadora das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por dez anos em Mato Grosso do Sul, analisou o primeiro dia de aplicação do Enem 2025 e destacou a coerência entre o tema da redação e o conteúdo das questões. Segundo ela, a prova teve nível de dificuldade de fácil a médio e manteve a proposta interdisciplinar característica do exame, com discussões que abrangeram desigualdade, gênero, meio ambiente e religião.
“O tema da redação, Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira, foi muito relevante e atemporal. É um assunto acessível e presente em todas as famílias, o que permitiu que os alunos tivessem um bom repertório sociocultural para desenvolver o texto. O envelhecimento é uma realidade coletiva, e refletir sobre ele é fundamental em um país que vive um rápido processo de transição demográfica”, afirmou Glauce.
A docente avaliou o Caderno 2 da Prova Amarela e destacou que várias questões dialogaram diretamente com o tema da redação. “As perguntas abordaram o papel dos idosos, as relações familiares, o protagonismo feminino e indígena, o luto e a desigualdade social. A prova explorou o envelhecimento não apenas como uma fase da vida, mas como uma questão social e cultural”, explicou.
Entre os exemplos citados, a professora destacou a questão 13, que resgata as memórias da narradora com sua avó; a 14, que mostra a visão crítica de uma ex-atleta em fim de carreira; e a 37, que apresenta a história de Maria de Lourdes da Conceição, uma anciã indígena de 73 anos que prepara as filhas para sucedê-la. Outras, como as questões 33 e 34, trataram do luto e da permanência dos privilégios de classe. “Esses temas ajudaram os candidatos a refletir sobre o envelhecimento de forma mais empática, crítica e realista”, observou Glauce.
Ela também destacou o enfoque social de questões como a 27 e a 28, que abordaram a violência contra a mulher e o fortalecimento das relações humanas, e a 44, que resgatou a cosmogonia indígena a partir da figura ancestral da avó do universo. “A prova trabalhou a ideia de convivência intergeracional e de respeito à memória coletiva, mostrando que entender o envelhecimento é compreender a própria sociedade”, ressaltou.
Ao comentar a proposta da redação, Glauce analisou os textos motivadores, que apresentaram diferentes dimensões do envelhecer. “O primeiro remetia ao Estatuto do Idoso e ao envelhecimento populacional; o segundo, à imagem do idoso ativo e independente; o terceiro, às novas escolhas de vida na velhice; e o quarto, às desigualdades entre idosos com e sem condições financeiras. Houve também textos que abordavam a solidão e a diferença entre sobreviver e viver com qualidade de vida”, explicou.
Segundo a professora, o tema permitiu múltiplos recortes: o legal, o cultural e o humano. “No contexto legal, é importante discutir o desafio de efetivar as leis de proteção ao idoso. No cultural, é preciso superar o etarismo e resgatar o valor simbólico e afetivo do envelhecer. E no humano, o essencial é reconhecer o idoso como sujeito de direitos, emoções e saberes”, avaliou.
Para Glauce, o Enem 2025 reafirmou seu papel como exame de formação cidadã. “As questões e a redação incentivaram os estudantes a refletirem sobre empatia, respeito e solidariedade. Foi uma prova que provocou o olhar sensível sobre o envelhecimento e sobre o valor de cada fase da vida”, concluiu.
Confira abaixo os gabaritos extraoficiais do primeiro dia de provas do Enem 2025:





