Entre janeiro e abril de 2025, Mato Grosso do Sul embarcou 60,9 mil toneladas de ferro-gusa para os Estados Unidos, gerando uma receita de US$ 25,561 milhões, segundo o ComexStat.
Da Redação

A entrada em vigor, nesta quarta-feira (4), da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a importação de aço e alumínio deve impactar diretamente as exportações de ferro-gusa produzidas em Mato Grosso do Sul. Utilizado como matéria-prima na fabricação de aço, o produto é o terceiro item mais exportado pelo estado ao mercado norte-americano.
Entre janeiro e abril de 2025, Mato Grosso do Sul embarcou 60,9 mil toneladas de ferro-gusa para os Estados Unidos, gerando uma receita de US$ 25,561 milhões, segundo o ComexStat. O insumo para a produção do ferro-gusa tem origem na região de Corumbá, especificamente na mina de Urucum, que se destaca pela qualidade do minério extraído. Com teor de ferro entre 62% e 67%, o insumo permite a produção de aço com alto valor agregado, valorizado pela indústria internacional.
A medida adotada pelo governo norte-americano foi anunciada inicialmente em fevereiro, com uma tarifa de 25%. Agora, a alíquota foi elevada para 50%, intensificando as barreiras comerciais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vê a decisão com preocupação e alerta para os efeitos negativos tanto para o Brasil quanto para os próprios Estados Unidos.
“Dobrar a taxação sobre o aço e o alumínio é um retrocesso nas relações comerciais entre nossos países. Continuamos defendendo que o diálogo é o melhor caminho para reverter medidas desproporcionais como essa e restabelecer um ambiente de confiança e cooperação mútua, para evitar que as cadeias produtivas em ambos os países sejam ainda mais prejudicadas”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Dados do Instituto Aço Brasil indicam que, no primeiro trimestre deste ano, 75% das exportações brasileiras de aço tiveram como destino os Estados Unidos, especialmente em produtos semiacabados. Em 2024, 60% das exportações brasileiras de aço e 16,8% das de alumínio foram direcionadas ao mercado norte-americano, conforme levantamento da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).
A CNI, em articulação com federações estaduais e entidades do setor, tem pressionado o governo brasileiro por uma resposta firme. O temor é que o aumento da tarifa reduza a competitividade do produto nacional e afete diretamente regiões produtoras, como Mato Grosso do Sul, que se consolidou como fornecedor estratégico de insumos para a indústria global do aço.