
Ao celebrar 48 anos de criação neste 11 de outubro, Mato Grosso do Sul reafirma sua vocação para o desenvolvimento sustentável. O Estado se tornou referência nacional em políticas de preservação ambiental, reflorestamento e economia verde e vem consolidando uma imagem de equilíbrio entre crescimento econômico, conservação dos recursos naturais e inovação tecnológica.
Entre Cerrado e Pantanal, dois dos biomas mais ricos e estratégicos do país, o Estado abriga vastas áreas de preservação, bacias hidrográficas essenciais e florestas plantadas manejadas de forma sustentável. Esse cenário favorece investimentos em energia limpa, biotecnologia, turismo ecológico e indústrias de base florestal — setores que têm impulsionado o PIB e reforçado a imagem de Mato Grosso do Sul como um território de oportunidades sustentáveis.
Apesar desse protagonismo ambiental, ainda são poucos os prédios e empreendimentos certificados pelo selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) — o principal sistema internacional de certificação de construções sustentáveis.
Construções verdes ainda são exceção

O Crematório Campo Grande, com certificação LEED Platinum, e o Shopping Bosque dos Ipês, com nível Silver, estão entre os poucos exemplos de empreendimentos sul-mato-grossenses reconhecidos pelo U.S. Green Building Council (USGBC). Outros projetos, como os Centros de Experiência da Nutrien, em Dourados e Maracaju, estão em processo de adaptação para atender aos critérios exigidos.
De acordo com a professora Lusianne Azamor, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Estácio Campo Grande, o desafio é ampliar essa cultura de construção sustentável para além de casos isolados. “Mato Grosso do Sul tem alguns desafios ambientais, que vão desde a conservação dos seus biomas até a gestão de resíduos e as políticas de energia limpa. No setor da construção civil, porém, o desafio é duplo: primeiro, conscientizar sobre a importância de práticas mais sustentáveis e, segundo, utilizar certificações reconhecidas para comprovar o desempenho dos edifícios e garantir que os objetivos de sustentabilidade sejam, de fato, alcançados”, afirma.
O que é o LEED e por que ele importa
O LEED é o sistema de certificação de edificações sustentáveis mais utilizado no mundo. Criado pelo U.S. Green Building Council (USGBC), ele avalia o desempenho ambiental de um projeto em diferentes categorias — como Localização e Transporte, Eficiência Energética, Uso Racional da Água, Materiais Sustentáveis e Qualidade do Ambiente Interno — e classifica as construções em quatro níveis: Certified, Silver, Gold e Platinum.
Mais do que um selo de eficiência técnica, o LEED representa uma mudança de paradigma na arquitetura e no urbanismo contemporâneos. Esses certificados vão além da gestão racional de recursos: colocam as pessoas no centro, promovendo o bem-estar, a saúde e o conforto dos usuários. Ambientes mais iluminados, ventilados e silenciosos, com controle de temperatura e melhor qualidade do ar, impactam diretamente na produtividade e na qualidade de vida — valores cada vez mais centrais em projetos modernos e responsáveis.
“Para obter o certificado LEED, um projeto precisa cumprir pré-requisitos e acumular pontos em várias categorias. Cada item somado determina o nível final da certificação. É um processo que envolve planejamento desde o início do projeto e acompanhamento técnico especializado”, explica a professora Lusianne Azamor.
Segundo ela, o processo exige documentação detalhada e auditoria rigorosa, garantindo que a construção atenda a padrões reais de sustentabilidade. “É um trabalho minucioso, que precisa ser pensado desde a concepção do projeto, com escolhas conscientes de materiais, controle de energia e eficiência hídrica. O monitoramento pós-certificação também é fundamental para manter o padrão ao longo da vida útil do edifício”, acrescenta.
Os estados com maior número de edificações certificadas são São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, que concentram a maior parte dos empreendimentos com selo LEED no país. “Essas regiões têm mercados imobiliários com mais maturidade, onde o conceito de sustentabilidade já é um diferencial competitivo, o que impulsiona a busca por selos verdes. No entanto, há um movimento de descentralização, e Mato Grosso do Sul pode se beneficiar disso, atraindo novos investimentos que buscam eficiência e modernidade com foco mais sustentável”, observa Lusianne Azamor.
Sustentabilidade como identidade sul-mato-grossense
Nos últimos anos, Mato Grosso do Sul tem se destacado por uma economia baseada em pilares sustentáveis, com avanços em manejo florestal responsável, produção de biocombustíveis, turismo ecológico e iniciativas de descarbonização industrial. O Estado também é reconhecido por políticas públicas voltadas à neutralização de carbono, incentivo a energias limpas e educação ambiental — temas que integram sua estratégia de desenvolvimento.
O fortalecimento das construções verdes, portanto, é um passo natural nesse caminho. Ao investir em certificações como o LEED, Mato Grosso do Sul amplia sua contribuição para a agenda climática global e consolida uma imagem de Estado que alia crescimento, inovação e respeito ao meio ambiente.
Mais do que um diferencial de mercado, a adoção de práticas sustentáveis na construção civil reforça o papel de Mato Grosso do Sul como um território que projeta o futuro com responsabilidade ambiental — e que entende que sustentabilidade também se traduz em cidades mais humanas, confortáveis e saudáveis para se viver.