12/10/2025 17:07

12/10/2025 17:07

Sustentabilidade no papel: Mato Grosso do Sul tem liderança ambiental, mas carece de edificações verdes

Shopping Bosque dos Ipês

Ao celebrar 48 anos de criação neste 11 de outubro, Mato Grosso do Sul reafirma sua vocação para o desenvolvimento sustentável. O Estado se tornou referência nacional em políticas de preservação ambiental, reflorestamento e economia verde e vem consolidando uma imagem de equilíbrio entre crescimento econômico, conservação dos recursos naturais e inovação tecnológica.

Entre Cerrado e Pantanal, dois dos biomas mais ricos e estratégicos do país, o Estado abriga vastas áreas de preservação, bacias hidrográficas essenciais e florestas plantadas manejadas de forma sustentável. Esse cenário favorece investimentos em energia limpa, biotecnologia, turismo ecológico e indústrias de base florestal — setores que têm impulsionado o PIB e reforçado a imagem de Mato Grosso do Sul como um território de oportunidades sustentáveis.

Apesar desse protagonismo ambiental, ainda são poucos os prédios e empreendimentos certificados pelo selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) — o principal sistema internacional de certificação de construções sustentáveis.

Construções verdes ainda são exceção

Crematório Campo Grande

O Crematório Campo Grande, com certificação LEED Platinum, e o Shopping Bosque dos Ipês, com nível Silver, estão entre os poucos exemplos de empreendimentos sul-mato-grossenses reconhecidos pelo U.S. Green Building Council (USGBC). Outros projetos, como os Centros de Experiência da Nutrien, em Dourados e Maracaju, estão em processo de adaptação para atender aos critérios exigidos.

De acordo com a professora Lusianne Azamor, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Estácio Campo Grande, o desafio é ampliar essa cultura de construção sustentável para além de casos isolados. “Mato Grosso do Sul tem alguns desafios ambientais, que vão desde a conservação dos seus biomas até a gestão de resíduos e as políticas de energia limpa. No setor da construção civil, porém, o desafio é duplo: primeiro, conscientizar sobre a importância de práticas mais sustentáveis e, segundo, utilizar certificações reconhecidas para comprovar o desempenho dos edifícios e garantir que os objetivos de sustentabilidade sejam, de fato, alcançados”, afirma.

O que é o LEED e por que ele importa

O LEED é o sistema de certificação de edificações sustentáveis mais utilizado no mundo. Criado pelo U.S. Green Building Council (USGBC), ele avalia o desempenho ambiental de um projeto em diferentes categorias — como Localização e Transporte, Eficiência Energética, Uso Racional da Água, Materiais Sustentáveis e Qualidade do Ambiente Interno — e classifica as construções em quatro níveis: Certified, Silver, Gold e Platinum.

Mais do que um selo de eficiência técnica, o LEED representa uma mudança de paradigma na arquitetura e no urbanismo contemporâneos. Esses certificados vão além da gestão racional de recursos: colocam as pessoas no centro, promovendo o bem-estar, a saúde e o conforto dos usuários. Ambientes mais iluminados, ventilados e silenciosos, com controle de temperatura e melhor qualidade do ar, impactam diretamente na produtividade e na qualidade de vida — valores cada vez mais centrais em projetos modernos e responsáveis.

“Para obter o certificado LEED, um projeto precisa cumprir pré-requisitos e acumular pontos em várias categorias. Cada item somado determina o nível final da certificação. É um processo que envolve planejamento desde o início do projeto e acompanhamento técnico especializado”, explica a professora Lusianne Azamor.

Segundo ela, o processo exige documentação detalhada e auditoria rigorosa, garantindo que a construção atenda a padrões reais de sustentabilidade. “É um trabalho minucioso, que precisa ser pensado desde a concepção do projeto, com escolhas conscientes de materiais, controle de energia e eficiência hídrica. O monitoramento pós-certificação também é fundamental para manter o padrão ao longo da vida útil do edifício”, acrescenta.

Os estados com maior número de edificações certificadas são São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, que concentram a maior parte dos empreendimentos com selo LEED no país. “Essas regiões têm mercados imobiliários com mais maturidade, onde o conceito de sustentabilidade já é um diferencial competitivo, o que impulsiona a busca por selos verdes. No entanto, há um movimento de descentralização, e Mato Grosso do Sul pode se beneficiar disso, atraindo novos investimentos que buscam eficiência e modernidade com foco mais sustentável”, observa Lusianne Azamor.

Sustentabilidade como identidade sul-mato-grossense

Nos últimos anos, Mato Grosso do Sul tem se destacado por uma economia baseada em pilares sustentáveis, com avanços em manejo florestal responsável, produção de biocombustíveis, turismo ecológico e iniciativas de descarbonização industrial. O Estado também é reconhecido por políticas públicas voltadas à neutralização de carbono, incentivo a energias limpas e educação ambiental — temas que integram sua estratégia de desenvolvimento.

O fortalecimento das construções verdes, portanto, é um passo natural nesse caminho. Ao investir em certificações como o LEED, Mato Grosso do Sul amplia sua contribuição para a agenda climática global e consolida uma imagem de Estado que alia crescimento, inovação e respeito ao meio ambiente.

Mais do que um diferencial de mercado, a adoção de práticas sustentáveis na construção civil reforça o papel de Mato Grosso do Sul como um território que projeta o futuro com responsabilidade ambiental — e que entende que sustentabilidade também se traduz em cidades mais humanas, confortáveis e saudáveis para se viver.

Compartilhe:

Útimas notícias

plugins premium WordPress