Com valor fixado em R$ 1.631, novo piso nacional tem aumento marginal frente à inflação e acende alerta sobre defasagem diante do custo real de vida.
Da Redação

O reajuste do salário mínimo previsto no Orçamento de 2026 para R$ 1.631 mensais, com aumento de 7,44%, foi recebido com críticas por entidades que representam o comércio em Mato Grosso do Sul. Embora tecnicamente acima da projeção inicial de R$ 1.630 apresentada em abril no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), o acréscimo é considerado insuficiente frente à inflação e ao encarecimento do custo de vida.
A fórmula de correção do piso nacional considera a variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acrescida do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Em 2024, o PIB cresceu 3,4%, mas, segundo o novo teto estabelecido pelo Ministério da Fazenda, o ganho real incorporado ao salário mínimo será limitado a até 2,5%.
Para a presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDL-MS), Inês Santiago, o valor estipulado não cobre nem as necessidades mais básicas da população. “Com R$ 1.631 por mês, o trabalhador não consegue cobrir sequer suas despesas básicas. Esse reajuste tímido evidencia o descompasso entre o salário mínimo e o custo real de vida, prejudicando não apenas quem depende do piso, mas também o comércio, que sofre com a queda do poder de compra da população”, afirmou.
Ela defende que um piso nacional mais robusto é essencial não apenas para a dignidade dos trabalhadores, mas também para o fortalecimento da economia local. “É urgente que o governo adote políticas que valorizem de forma efetiva o trabalhador e garantam o consumo interno, base da economia”, completou.
O aumento de 7,44% também é inferior ao reajuste concedido no período anterior, entre 2024 e 2025, que foi de 7,5%. Na prática, a alta não representa ganho real significativo e, segundo especialistas, tende a manter pressionado o orçamento de famílias que vivem com o mínimo e comprometem a maior parte da renda com alimentação, transporte, moradia e saúde.
A discussão sobre a política de valorização do salário mínimo deve seguir no Congresso nos próximos meses, no contexto de medidas de contenção de gastos e metas fiscais estabelecidas pela equipe econômica federal.