O dado foi apresentado por Germano Vieira, diretor florestal da Eldorado Brasil, no Fórum Agro da Veja, nesta segunda-feira (24), em São Paulo.
Anderson Viegas
O setor de florestas plantadas do Brasil tem armazenado em suas árvores, tanto nas cultivadas quanto nas preservadas, mais que o dobro da emissão anual do país de CO₂. Segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), apresentados pelo diretor florestal da Eldorado Brasil, Germano Vieira, no Fórum Agro da Veja, nesta segunda-feira (24), na Casa Fasano, em São Paulo, as árvores cultivadas pelo setor totalizam 1,99 bilhões de tCO₂eq, enquanto as áreas de vegetação nativa preservadas somam 3,1 bilhões de tCO₂eq. Juntas, representam 5,1 bilhões de tCO₂eq, mais que duas vezes as emissões brasileiras de 2,145 bilhões de tCO₂eq registradas em 2024, conforme o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.
Germano destacou que o estoque de carbono das árvores cultivadas e preservadas pelo setor representa uma importante reserva de carbono, contribuindo diretamente para mitigar as mudanças climáticas. Esse, inclusive, foi o tema do painel do qual participou, “As oportunidades trazidas pela agenda de descarbonização”. Segundo ele, cada tonelada de biomassa da madeira, considerando parte aérea e raízes, concentra cerca de 470 quilos de CO₂.
De acordo com o diretor, o setor tem atualmente 10,5 milhões de hectares cultivados, sendo cerca de 8 milhões de hectares de eucalipto, árvore versátil que pode ser utilizada na indústria da celulose, na siderurgia, como biomassa ou como madeira sólida. Ele apontou ainda que o comprometimento com a sustentabilidade está no DNA do setor, tanto que as empresas mantêm 7,1 milhões de hectares de áreas de vegetação nativa preservada.
Germano explicou que esse maciço florestal, formado pelas árvores cultivadas e pelas áreas preservadas, atua como verdadeiros corredores ecológicos fundamentais para a conservação da biodiversidade, abrigando mais de 8 mil espécies de fauna e flora, muitas delas em risco de extinção. Outro aspecto sustentável destacado por ele é que 90% da energia gerada pelo setor é renovável, graças a processos de circularidade e reutilização que permitem que resíduos do processamento, como biomassa e licor preto, sejam utilizados para a produção de bioenergia.
Além da contribuição ambiental, o diretor ressaltou a importância econômica do setor para o país e para estados que abrigam indústrias florestais, como Mato Grosso do Sul, principal produtor e exportador brasileiro de celulose. Segundo ele, em 2024, o setor gerou US$ 15,7 bilhões em exportações e recolheu R$ 28,6 bilhões em tributos federais e estaduais. Além disso, é matéria-prima ou insumo para mais de 5 mil bioprodutos diferentes e é responsável por 2,8 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos. Mesmo com essa importância econômica e ambiental, Germano destacou que as florestas plantadas representam somente 1% da área do país, segundo dados do MapBiomas e da Embrapa.
