Iniciativa premiada articula práticas de educação ambiental, empreendedorismo solidário e soberania alimentar nas comunidades Guarani e Kaiowá.
Anderson Viegas

O projeto de extensão universitária “Ara Poty: Salas Verdes, Cooperação e Empreendedorismo Indígena”, do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios (PPGAgronegócios) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), foi um dos vencedores do Prêmio Marco Verde 2025, promovido pela prefeitura de Dourados por meio do Instituto Municipal do Meio Ambiente (Imam). A cerimônia de entrega ocorreu em 26 de setembro, no auditório da prefeitura, com a presença do prefeito Marçal Filho, do diretor-presidente do Imam, Fábio Luis, do vereador Elias Ishy, além de autoridades, convidados e participantes.
A pós-doutoranda Lethicia Dorce, responsável pela inscrição do projeto, representou a equipe na solenidade. A iniciativa, desenvolvida desde fevereiro de 2023, promove ações de educação ambiental, empreendedora e inclusiva entre jovens e familiares das comunidades indígenas do município. Seu foco é a valorização dos saberes ancestrais, o fortalecimento da agroecologia e a soberania alimentar, a partir de atividades como a preservação de sementes crioulas, implantação de hortas comunitárias e de um viveiro coletivo.
De acordo com o PPGAgronegócios, o projeto integra alunos do programa em atividades de campo, em parceria com lideranças e famílias indígenas Guarani e Kaiowá. As ações beneficiam diretamente as escolas municipais indígenas Agostinho e Araporã, com práticas educativas que envolvem o descarte correto de resíduos, a gestão autônoma de recursos e a construção de propostas de valor por meio de negócios e produtos socioambientais.
O prefeito Marçal Filho destacou, durante a premiação, a importância do engajamento coletivo em favor da cidade. “Esse prêmio é um estímulo e um reconhecimento às ações que ajudam a transformar Dourados”, afirmou.
Dos seis projetos avaliados pela comissão técnica, três foram premiados. Além da iniciativa do PPGAgronegócios, foram reconhecidos o trabalho de Augusto Giaretta, da UFGD, que promove a valorização do patrimônio botânico regional por meio do Herbário DDMS, e o projeto de Márcia Ramos, voltado ao resgate e à adoção responsável de animais de rua. As propostas de Lethicia Dorce e Márcia Ramos receberam, ainda, um incentivo financeiro de 400 Uferms, equivalente a cerca de R$ 21 mil cada, para garantir a continuidade e a ampliação das ações.
No caso do Ara Poty, o recurso será aplicado no reflorestamento de uma nascente degradada na Reserva Indígena Bororó. A medida, segundo os organizadores, reforça o potencial transformador da agroecologia como alternativa sustentável ao modelo tradicional de produção agrícola, aproximando o agronegócio de práticas inclusivas, culturais e justas.