Conflito reacende insegurança e provoca nova onda de cancelamentos, afetando companhias aéreas, agências de viagem e guias locais.
Da Redação

A nova escalada de violência em Israel, com bombardeios sobre Gaza e a instabilidade dos cessar-fogos, voltou a impactar fortemente o turismo religioso internacional. O setor, que dava sinais de recuperação após os efeitos da pandemia e da guerra de 2023, enfrenta agora mais uma fase de cancelamentos, voos suspensos e templos vazios.
O impacto é global. Agências especializadas em viagens de fé, companhias aéreas, hotéis e guias locais vivem um cenário de incerteza. Em Israel, onde o turismo religioso é uma das principais fontes de receita, o clima ainda é de apreensão. De acordo com estimativas do Ministério do Turismo israelense, as perdas do setor ultrapassam bilhões de dólares desde o início das hostilidades, interrompendo o que parecia uma retomada gradual.
Entre os afetados está o empresário Sarquis Fermanian, diretor da Rafas Tour, agência brasileira que há mais de 30 anos leva grupos de peregrinos à Terra Santa. Reconhecido pelo Estado de Israel por seu trabalho de aproximação entre brasileiros e israelenses, ele lamenta a nova paralisação. “Estávamos prontos para retomar as viagens à Terra Santa com força total. Os grupos estavam formados, os roteiros prontos, e havia um clima de fé e esperança. Mas a nova onda de ataques e a instabilidade no cessar-fogo trouxe novamente o medo e os cancelamentos”, afirma.
Para Fermanian, a crise ultrapassa as fronteiras. “Israel é uma terra de promessas e de superação. Já passamos por guerras, crises e pandemias, e sempre renascemos. Eu creio que o turismo religioso vai se levantar mais uma vez, porque a fé não se abala com as bombas”, acrescenta.
Quem também sente os reflexos da guerra é Ruth Wissmann, brasileira que vive em Israel e atua há anos como guia turística de peregrinos. Ela relata que o setor ainda não conseguiu se recuperar. “Israel passou por uma guerra complicada e longa depois do ataque em 7 de outubro. Nós como guias, ficamos completamente sem nenhum trabalho. O turismo estava completamente parado, os hotéis também. A economia estava parada e tivemos muitos gastos na área de defesa. Estes gastos serão repostos no decorrer dos próximos dez anos”, explica.
Mesmo com a esperança de uma retomada rápida, Ruth reconhece que o cenário segue incerto. “Finalmente a guerra terminou e sem dúvida tudo retornará a todo vapor! Tenho certeza que em breve todos os turistas do mundo inteiro retornarão à Terra Prometida por Deus”, diz.
No entanto, a instabilidade política e a insegurança têm provocado novas suspensões de pacotes turísticos e forçado operadoras a reprogramar viagens. O que se previa como um novo recomeço tornou-se novamente um período de espera. Ainda assim, entre guias e empresários, persiste a convicção de que a fé e o acolhimento resistem aos conflitos.Depois de tantas provações, a Terra Santa permanece como símbolo de espiritualidade e resistência. E, enquanto a guerra não chega ao fim, o que se mantém é a certeza de que, quando a paz voltar, as ruas de Jerusalém, Nazaré e Belém voltarão a receber vozes e passos de peregrinos do mundo inteiro em uma nova caminhada de fé e esperança.





