16/12/2025 21:00

16/12/2025 21:00

Greve do transporte coletivo chega ao segundo dia em Campo Grande e mantém impasse entre sindicato, consórcio e prefeitura

Paralisação segue por tempo indeterminado mesmo após multa judicial, enquanto setor produtivo aponta prejuízos irreparáveis e Consórcio Guaicurus cobra apuração do déficit tarifário.

Da Redação

Ônibus permanecem parados nas garagens no segundo dia de greve do transporte coletivo em Campo Grande, ampliando os impactos sociais e econômicos na capital. (Foto: Divulgação).

O transporte coletivo de Campo Grande entrou no segundo dia de greve nesta terça-feira (16) após a categoria decidir, em assembleia realizada na tarde desta segunda-feira (15), manter a paralisação por tempo indeterminado, mesmo diante da multa diária de R$ 20 mil imposta pela Justiça ao sindicato. A decisão mantém mais de 100 mil passageiros sem acesso ao serviço e amplia os impactos sociais e econômicos na capital, especialmente em um dos períodos de maior movimento do comércio, às vésperas do Natal.

A paralisação foi motivada, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano, pelo atraso no pagamento de salários, 13º salário e benefícios dos motoristas e demais funcionários do Consórcio Guaicurus. Apesar da penalidade judicial, a categoria optou por manter os ônibus parados e aguarda uma reunião de conciliação com a Prefeitura de Campo Grande prevista para a tarde desta terça-feira, na tentativa de avançar em uma solução para o impasse.

Entidades representativas do comércio e de serviços, como a Fecomércio, apontam que os prejuízos causados pela greve são irreparáveis. De acordo com o setor, a dificuldade de deslocamento de trabalhadores e consumidores reduz drasticamente o fluxo de pessoas nas áreas comerciais, compromete vendas, afeta a produtividade e gera perdas financeiras em toda a cadeia econômica, incluindo lojistas, supermercados, farmácias e estabelecimentos de alimentação.

Além dos reflexos no comércio, a interrupção do serviço tem elevado o custo de vida da população. Com a ausência dos ônibus, houve aumento significativo no valor das corridas por aplicativos e táxis, onerando famílias que dependem do transporte para trabalhar, estudar ou buscar atendimento em unidades de saúde e hospitais. Trabalhadores também relatam faltas e risco de perda de renda por não conseguirem chegar aos seus postos de trabalho.

Em meio ao cenário de colapso operacional, o Consórcio Guaicurus se pronunciou oficialmente nesta terça-feira, afirmando que há pendências financeiras no contrato de concessão e cobrando urgência na apuração mensal do déficit tarifário. Em nota, a concessionária declarou que lamenta a falta de enfrentamento administrativo específico dos requerimentos financeiros protocolados e criticou declarações públicas do município que negam a existência de inadimplência ou débitos na remuneração do serviço.

Segundo o consórcio, dados objetivos e cálculos demonstrativos já foram apresentados nos autos administrativos, mas, conforme a concessionária, a Administração municipal teria se limitado a negativas genéricas, sem apuração própria. Diante desse quadro, o Consórcio Guaicurus reforçou a necessidade de um pronunciamento administrativo urgente, expresso e fundamentado, que indique a existência de haveres contratuais mensais, apresente o cálculo atualizado do déficit tarifário com memória de cálculo, enfrente tecnicamente os expedientes financeiros protocolados e adote providências para a regularização e pagamento dos créditos apurados, visando a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

A concessionária também informou que aguarda a apresentação, por parte do município, das planilhas mensais previstas no Quarto Termo Aditivo do contrato, que detalham a apuração de déficit ou superávit tarifário entre 2022 e dezembro de 2025. Para o consórcio, a divulgação pública dessas planilhas, com memórias de cálculo e comprovantes de pagamento, é fundamental para a restauração da verdade e para o restabelecimento da regularidade contratual e operacional do sistema.

A Prefeitura de Campo Grande, por sua vez, afirma que mantém em dia os pagamentos ao Consórcio Guaicurus e sustenta que a concessionária não cumpriu suas obrigações com os funcionários, o que teria causado a situação de caos enfrentada pela população. O município nega a existência de débitos e reforça que a responsabilidade pelo atraso nos salários é da empresa, enquanto aguarda a reunião de conciliação para tentar destravar o conflito.

Compartilhe:

Útimas notícias

plugins premium WordPress