Primeiro dia do evento reúne autoridades e especialistas para discutir integração logística, tecnologia e redução de acidentes nas rodovias.
Da Redação

Campo Grande sediou nesta quarta-feira (29) o 2º Fórum Centro-Oeste de Segurança Rodoviária, reunindo representantes de órgãos públicos, empresas privadas e sociedade civil para debater soluções que tornem o transporte rodoviário mais seguro, eficiente e sustentável.
Na abertura, o CEO da Segsatra Consultoria e organizador do evento, André Ferreira, destacou a escolha da capital sul-mato-grossense como sede pelo papel estratégico do estado na logística nacional. “A ideia é que a gente possa construir projetos que venham beneficiar o transporte, aumentar a segurança e minimizar as mortes tão comuns no trânsito”, afirmou.
Participaram representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.O superintendente da PRF em Mato Grosso do Sul, João Paulo Bueno, alertou para o aumento no fluxo de veículos e, consequentemente, de acidentes nos últimos anos. “O desenvolvimento gera consequências e, por isso, a importância da integração de forças e setores em uma discussão, principalmente baseada em educação”, destacou.
Integração pela Rota BioceânicaA primeira palestra do dia foi ministrada pelo ministro de carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, com o tema “Circulação e Logística: entre a integração regional-global e o desenvolvimento territorial”, abordando os impactos da Rota Bioceânica.
O diplomata apresentou dados que reforçam o peso do transporte rodoviário no comércio exterior brasileiro: em 2024, 52% das exportações e 38% das importações com países da América do Sul foram realizadas por rodovias. Segundo ele, a Rota Bioceânica tende a ampliar a competitividade do país, encurtando distâncias e integrando novas regiões à dinâmica logística.
“A expansão econômica está condicionada à multimodalidade, via ferrovia, hidrovia e transporte aéreo do estado, por isso a importância de se estruturar”, afirmou, citando a ferrovia Malha Oeste e a concessão da hidrovia do rio Paraguai como projetos estratégicos. O ministro também apontou gargalos de Mato Grosso do Sul em infraestrutura e armazenamento de grãos, reforçando a necessidade de ampliação de serviços e qualificação profissional diante da crescente demanda.
IA e o futuro da segurança nas estradas
Encerrando a manhã do primeiro dia, o doutor em Educação e Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e vice-presidente do Instituto Nacional de Projetos para Trânsito e Segurança, Francisco Garonce, ministrou a palestra “IA – Ferramenta Tecnológica para Segurança Rodoviária”.Ele destacou como a inteligência artificial tem transformado a forma de gerar e processar conhecimento, mas reforçou que a consciência humana permanece insubstituível. “Precisamos de consciência para saber que, nas rodovias, mesmo cada vez mais tecnológicas, todo dia o trânsito mata mais do que acidentes aéreos. Não podemos deixar que isso pareça normal. Precisamos mudar essa realidade usando a IA para isso”, afirmou.
Garonce apresentou exemplos de uso da tecnologia em projetos de educação no trânsito, como o caso da Irlanda, que utiliza o metaverso para conscientizar crianças, e alertou para a necessidade de checar informações produzidas por inteligência artificial. “A IA erra, nunca se esqueça disso. É uma aliada sim, principalmente em relação ao tempo, mas as informações devem ser verificadas”, pontuou.
Programação continua nesta quinta-feira
O evento segue nesta quinta-feira (30), com abertura do coronel Ângelo Rabelo, fundador do Instituto Homem Pantaneiro, que ministrará a palestra “Os diferentes caminhos da sobrevivência”. O encerramento será conduzido pelo francês Gilles-Laurent Grimberg, diretor técnico e comercial da Actioil do Brasil e América Latina.





