04/09/2025 20:07

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Estiagem reforça alerta sobre cuidados com nutrição do gado no Brasil

Especialistas destacam a importância da suplementação estratégica para evitar perda de peso, queda na fertilidade e mortalidade de bezerros durante o período de seca.

Da Redação

A queda na qualidade e na disponibilidade do pasto durante a seca exige planejamento nutricional e suplementação estratégica para o gado. (Foto: Cargill/Divulgação).

A intensificação da estiagem em diversas regiões do país reacendeu a preocupação com a nutrição do gado de corte e leite. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2024, o Brasil abateu 39,27 milhões de bovinos, mas apenas uma pequena fração dos animais recebeu suplementação estratégica específica para o período de seca.

Essa prática é considerada essencial para manter a produtividade em regiões de clima tropical, onde a disponibilidade e a qualidade das forragens caem drasticamente entre os meses mais secos do ano.

Segundo o consultor técnico nacional de bovinos de corte da Cargill, Eduardo Batista, em algumas espécies de forrageiras a produtividade na seca representa apenas 5% do total anual. Além disso, a qualidade também se reduz, com aumento da fração não degradável da Fibra em Detergente Neutro (FDN), o que compromete a digestão da fibra no rúmen.

“A queda na oferta de nutrientes nesse período pode resultar em perda de peso, redução de fertilidade, queda na produção de leite e aumento da mortalidade de bezerros. É fundamental que os produtores planejem a alimentação antes da chegada da seca, formando reservas estratégicas”, afirmou.

Batista ressalta que o planejamento deve começar no ano anterior, ainda na época de estiagem, com foco no manejo adequado dos pastos. Ele explica que o primeiro passo é garantir boa oferta de forragem, diferindo áreas para uso durante a seca. “Nenhum suplemento funcionará bem se não tivermos pastos. O planejamento forrageiro é a base para qualquer estratégia de suplementação”, destacou.

Apesar dos avanços tecnológicos, o especialista observa que menos de 15% do rebanho recebe suplementação adequada no período crítico. Ele explica que antes de iniciar o uso é preciso considerar fatores como o perfil climático da região, o tipo de suplemento proteico, a categoria animal, o desempenho esperado e a logística da fazenda. Erros comuns, segundo ele, incluem não garantir forragem suficiente para acompanhar o suplemento, não assegurar consumo diário pelos animais, não adequar o espaçamento dos cochos e desrespeitar recomendações de uso indicadas nos rótulos.

Com o desenvolvimento de novos aditivos, a suplementação evoluiu e passou a potencializar a fermentação ruminal, melhorar a digestibilidade da fibra do capim e maximizar o consumo de energia. Esses recursos também contribuem para a saúde intestinal dos bovinos, frequentemente comprometida pelo estresse térmico da seca.

“Ter um intestino saudável é fundamental para absorver melhor os nutrientes, fortalecer o sistema imune e preparar o animal para desafios sanitários. Com isso, é possível alcançar melhores resultados zootécnicos”, concluiu Batista.

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