05/12/2025 07:49

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Em audiência pública, deputado Paulo Corrêa propões incorporar sensores de glicose ao tratamento do diabetes no sistema estadual de saúde

Medida pode beneficiar 300 mil pessoas com diabetes tipo 1 em Mato Grosso do Sul.

Da Redação

Deputado Paulo Corrêa, 1º secretário da Assembleia Legislativa (Foto: Wagner Guimarães/Alems).

Cerca de 300 mil pessoas com diabetes tipo 1 em Mato Grosso do Sul poderão ser beneficiadas por uma política pública inédita no país. A proposta de incorporar sensores de glicose ao tratamento no sistema estadual de saúde foi o foco da audiência pública Tecnologia e Dignidade no Tratamento do Diabetes, realizada na tarde desta quarta-feira (3) pelo deputado Paulo Corrêa, 1º secretário da Assembleia Legislativa, em parceria com o vereador por Campo Grande, Ronilço Guerreiro. O encontro ocorreu no plenarinho Nelito Câmara da Casa de Leis.

A audiência reuniu especialistas, gestores públicos, representantes de entidades e pacientes para discutir como a tecnologia pode ampliar a segurança, a autonomia e a qualidade de vida das pessoas com diabetes. Os sensores, aplicados sob a pele, monitoram continuamente os níveis glicêmicos e enviam os dados a um leitor ou aplicativo no celular, reduzindo a necessidade de múltiplas picadas no dedo e permitindo previsões de variações e alertas de risco.

Ao final do debate, Paulo Corrêa afirmou que a diabetes deve ser tratada como um programa especial da saúde. Ele informou que uma reunião já está agendada para fevereiro, quando Mato Grosso do Sul poderá iniciar o trâmite necessário para regulamentar o fornecimento dos sensores como política pública estadual a partir do próximo ano. O deputado destacou que o tema começou a ser debatido na Câmara Municipal de Campo Grande, a partir da iniciativa de Ronilço Guerreiro, e ganhou força com o apoio da Secretaria de Estado de Saúde.

Ficou encaminhado, segundo o parlamentar, que o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul, em conjunto com especialistas presentes, levantará números exatos de pacientes e os valores necessários para custear a implantação do programa. Ronilço propôs iniciar um projeto piloto na capital, que já dispõe de cerca de R$ 500 mil em emendas parlamentares para viabilizar a iniciativa.

A mesa de discussão contou com a presença de representantes da Secretaria de Estado de Saúde, Defensoria Pública, Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande e Cassems. As discussões foram aprofundadas por quatro palestras técnicas. A endocrinologista Bianca Rahal Paraguassú, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia – Regional MS, explicou as diferenças entre os tipos de diabetes e destacou que o tipo 1 pode evoluir rapidamente para quadros graves, como a cetoacidose diabética. Ela afirmou que manter a glicose próxima do normal é essencial para prevenir complicações cardiovasculares, renais e neurológicas.

Bianca ressaltou ainda que, em crianças e adolescentes, a meta terapêutica ideal é manter a hemoglobina glicada abaixo de 7%. Segundo ela, os sensores oferecem segurança adicional às famílias, especialmente durante a noite, quando episódios de hipoglicemia são mais difíceis de perceber. A endocrinologista afirmou que o acesso à tecnologia deve ser incorporado como parte essencial da política pública voltada ao público infantojuvenil com diabetes tipo 1.

A nutricionista e educadora em diabetes Walkíria da Cruz Vieira Soares relatou que os sensores enviam leituras contínuas ao celular, o que oferece previsibilidade sobre variações glicêmicas e reduz drasticamente a necessidade de picadas diárias. Ela lembrou, porém, que o custo médio mensal de cerca de R$ 560 dificulta o acesso para muitas famílias. A especialista apresentou dados que indicam que quase 900 mil pessoas são afetadas direta ou indiretamente pelo diabetes no estado e que o uso dos sensores melhora significativamente os índices glicêmicos após três meses, além de reduzir o risco de internações.

Audiência pública em que a proposta da incorporação dos sensores de glicose ao tratamento público foi apresentada (Foto: Wagner Guimarães/Alems).

O tesoureiro e secretário da Associação de Diabetes Mellitus Tipo 1 de Campo Grande, Lenine de Oliveira Rocha Júnior, pai de uma criança com a doença, apresentou um panorama da prevalência do diabetes tipo 1 no estado, estimada em 5.849 pessoas, incluindo 1.170 crianças e adolescentes. Ele detalhou que o custo mensal estimado para atender o público infantojuvenil seria de cerca de R$ 750 mil apenas com sensores. No primeiro mês, o Estado teria ainda o custo adicional dos leitores, totalizando aproximadamente R$ 9,38 milhões por ano. Para ele, investir nos dispositivos significa garantir dignidade, autonomia e mais segurança às famílias.

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