17/06/2025 16:41

Alta no preço de químicos usados em defensivos agrícolas acende alerta no campo e força reavaliação do manejo

Valorização de mais de 50% no clethodim, herbicida usado contra gramíneas, pressiona custos e escancara a dependência de insumos importados da China.

Da Redação

Com alta nos preços do componentes dos defensivos, resta aos produtores rever estratégias de manejo, buscar alternativas técnicas e renegociar contratos de fornecimento de insumos (Foto: Freepik).

O agronegócio brasileiro está em estado de atenção. A expressiva alta no preço de componentes químicos usados como ingredientes ativos de defensivos agrícolas, como o clethodim — fundamental no controle de gramíneas em culturas como soja, milho, algodão e feijão — acendeu um sinal de alerta entre produtores e consultores técnicos.

Somente nos primeiros meses de 2025, o clethodim já acumula uma valorização superior a 55%. O motivo está no epicentro da cadeia global de suprimentos: a China, principal fornecedora do insumo, enfrenta gargalos industriais e logísticos que vêm afetando o ritmo de produção e exportação, reduzindo drasticamente a disponibilidade do produto no mercado internacional.

Essa combinação de escassez e aumento de demanda sazonal elevou os preços e colocou pressão adicional sobre o custo de produção agrícola no Brasil. Para os agricultores, a consequência imediata é a necessidade de rever estratégias de manejo, buscar alternativas técnicas e renegociar contratos de fornecimento de insumos.

Além do impacto econômico, a situação agrava um desafio agronômico cada vez mais comum no campo: o avanço de plantas daninhas resistentes a determinados herbicidas. “A escassez e o aumento de preço de ativos como o clethodim colocam em evidência a importância do Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD). Não é mais sustentável depender de uma única molécula para controle de invasoras”, alerta Roberto Rodrigues, engenheiro agrônomo e especialista em manejo da Ourofino Agrociência. “Precisamos diversificar os mecanismos de ação para manter a eficiência agronômica e preservar a rentabilidade das lavouras.”

Entre as alternativas que têm ganhado força nas recomendações técnicas está o uso de herbicidas com mecanismos diferentes, como o Terrad’or — formulado com inibidores da Protox — que atua de forma mais ampla no controle tanto de folhas largas quanto de gramíneas. “Esse tipo de ativo tem se mostrado eficaz principalmente em áreas com alta incidência de plantas tolerantes ou resistentes, como o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), um problema recorrente em diversas regiões produtoras”, complementa Rodrigues.

Diante de um cenário global instável e com margens cada vez mais pressionadas, especialistas reforçam que o planejamento antecipado, a rotação de ingredientes ativos e a adoção de programas técnicos integrados são estratégias fundamentais para garantir produtividade e sustentabilidade nas próximas safras.

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