O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh) participou de um dos maiores estudos clínicos recentes da cardiologia brasileira, apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia e publicado simultaneamente no New England Journal of Medicine.
O ensaio clínico randomizado, chamado NEO-MINDSET, avaliou o uso de medicamentos antiplaquetários em pacientes com infarto agudo do miocárdio submetidos à angioplastia e trouxe resultados que reforçam a prática já consolidada na medicina.
De acordo com a cardiologista Adriana Lugo Ferrachini, subinvestigadora do estudo no Humap, o objetivo central foi verificar se, após o procedimento bem-sucedido, seria possível suspender a aspirina e manter apenas um antiplaquetário potente, como ticagrelor ou prasugrel.
“O estudo teve como objetivo principal avaliar se nos pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdio e logo foram submetidos à angioplastia bem-sucedida é eficaz e seguro dar apenas ticagrelor ou prasugrel sem aspirina”, explicou.
O ensaio clínico envolveu 3.410 pacientes acompanhados em 50 centros de pesquisa no Brasil, incluindo 31 participantes recrutados no Humap. Eles foram divididos em dois grupos: metade recebeu ticagrelor ou prasugrel em monoterapia e a outra metade manteve a dupla terapia com aspirina associada a um desses fármacos. Todos foram acompanhados por 12 meses.

Os resultados mostraram que, embora o uso de um único medicamento potente reduza o risco de sangramentos maiores, ainda é fundamental manter a terapia dupla no cenário do infarto seguido de angioplastia.
“O estudo concluiu que mesmo com ticagrelor ou prasugrel ainda é necessário manter a aspirina logo após a angioplastia bem-sucedida no contexto do infarto agudo do miocárdio. Isto reforça a conduta pregada pelas diretrizes europeias, americanas e brasileiras”, destacou Adriana.
A relevância do estudo se refletiu também na sua apresentação em destaque no congresso europeu, que reuniu mais de 45 mil especialistas.
“Isso demonstra que a ciência está em ascensão no país e que o Humap integra um grupo seleto de hospitais que, além de atender a população, também produz conhecimento científico de alta qualidade, reconhecido em publicações de grande prestígio e em eventos internacionais”, avaliou.
Segundo Adriana, a publicação confirma a solidez das práticas já adotadas. “O estudo não mudou a prática médica diária, apenas confirmou o que estamos fazendo certo”, afirmou. Ela acrescentou que a experiência reforça o engajamento do Centro de Pesquisa Clínica em Cardiologia do Humap, que já conduz outros cinco estudos e tem novos projetos em fase de contrato”.
Além de Adriana, também integraram a equipe do Humap no estudo Delcio Gonçalves da Silva Junior (investigador principal), Alexandrino Marques Neto (subinvestigador), Paula de Oliveira Serafin (coordenadora), Filipe Nunes Gonçalves Stadler (assistente de coordenação) e Camila Bronzoni Neves (enfermeira de pesquisa).