O sobá é um dos maiores símbolos de Campo Grande. Mais do que uma simples refeição, ele representa a história da imigração japonesa, a adaptação de tradições estrangeiras ao paladar brasileiro e a identidade cultural da Capital sul-mato-grossense.
Trazido por imigrantes de Okinawa no início do século XX, o prato foi incorporado à rotina da cidade, especialmente a partir da Feira Central, onde ganhou espaço definitivo e se transformou em referência gastronômica.
Em 2006, o sobá foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Campo Grande, reforçando sua importância para a memória e a cultura local.
No prato, a receita é simples, mas cheia de significado. O macarrão de trigo é servido em caldo quente e temperado, acompanhado de carnes (que podem ser bovina, suína ou de frango) em tiras ou cubos, além de omelete cortada em tirinhas e uma generosa porção de cebolinha fresca. Em algumas versões, legumes como cenoura, acelga ou repolho são acrescentados, enriquecendo o valor nutricional e equilibrando os sabores.
Do ponto de vista da alimentação, o sobá pode ser considerado uma refeição relativamente completa. Uma porção média de 400 gramas contém entre 450 e 500 calorias, o que faz dele um prato de energia moderada, adequado tanto para o almoço quanto para o jantar.
O macarrão fornece carboidratos de rápida absorção, importantes para garantir disposição e energia, enquanto a carne e o ovo são fontes de proteínas de alto valor biológico, que contribuem para a saciedade e a manutenção da massa muscular. A presença da cebolinha e de eventuais legumes acrescenta vitaminas, minerais e fibras, ainda que em quantidade modesta.
Há, no entanto, pontos de atenção. O caldo, tradicionalmente preparado com shoyu e temperos concentrados, pode elevar bastante a quantidade de sódio. Dependendo da receita, uma tigela de sobá pode ultrapassar facilmente metade do limite diário recomendado de sal pela Organização Mundial da Saúde.
Esse aspecto exige moderação, especialmente para pessoas hipertensas ou que necessitam controlar o consumo de sódio. “É importante ficar atento ao consumo de sódio. Para você ter uma ideia, três colheres de sopa de shoyu já equivalem a toda a quantidade diária recomendada de sódio. Uma alternativa é optar pelo shoyu light, que tem redução no teor de sódio, aponta a nutricionista Maria Tainara Soares Carneiro, da Estácio Campo Grande.
Outro fator é o baixo teor de fibras, já que o macarrão utilizado é refinado. Essa característica pode ser contornada com o acréscimo de vegetais ou acompanhamentos mais ricos em fibras.
Especialistas em nutrição costumam destacar que, quando consumido de forma equilibrada, o sobá pode integrar uma dieta saudável. “É um prato que une tradição e nutrição. Sua combinação de proteínas, carboidratos e gorduras é bastante equilibrada, e pequenas adaptações, como a inclusão de legumes, podem torná-lo ainda mais saudável”, pontua a nutricionista.
Mais do que um alimento, o sobá é parte do modo de viver em Campo Grande. Ele simboliza a fusão de culturas, traduz a capacidade de acolhimento da Capital e, em cada tigela fumegante, carrega histórias de famílias, encontros e celebrações.
No aniversário da cidade, comemorado em 26 de agosto, o prato típico reforça sua relevância: não é apenas um patrimônio cultural, mas também um alimento que aquece, nutre e conecta gerações.