Kenya, de 44 anos, percorre 3.600 km em operação internacional de resgate e reabilitação animal. Viagem é documentada por ativistas e marca o fim de um ciclo histórico no país vizinho.
Da Redação
Kenya, de 44 anos, a última elefanta que vivia em cativeiro na Argentina, cruza nesta terça-feira (8) o território de Mato Grosso do Sul em uma viagem de 3.600 quilômetros , percurso que a leva do antigo zoológico de Mendoza, hoje transformado em Ecoparque, até o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado em Mato Grosso. Veja essa trajetória no vídeo abaixo:
A viagem teve início na última sexta-feira (4) e está sendo realizada em um contêiner especialmente adaptado, sob acompanhamento de três profissionais: o cuidador Marcos Flores, a veterinária especialista Trish London e o fundador do santuário, Scott Blais. A operação segue as normas da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção), que regulamenta o transporte internacional de animais vivos.
Antes do resgate, Kenya vivia sozinha em um recinto de terra batida semelhante a calcário triturado, que impedia comportamentos naturais como cavar e jogar pó sobre si — essenciais para proteção da pele. O local não possuía brinquedos, madeira ou estruturas de enriquecimento. Sua única “companhia” era um mural com o desenho de um elefante.
Desde 2017, o governo de Mendoza, o Ecoparque, o Santuário de Elefantes do Brasil e a Fundação Franz Weber atuaram em conjunto para preparar a elefanta para a viagem. O processo envolveu treinamentos para reduzir o estresse, exames veterinários, emissão de certificados e a ambientação ao contêiner de transporte.
A jornada está sendo registrada pelo ator e ativista argentino Nicolás Pauls, dentro do Projeto ELE, que inclui um documentário e um podcast de seis episódios sobre a relação entre humanos e elefantes.
Novo lar em meio à natureza
O Santuário de Elefantes Brasil (SEB), em Chapada dos Guimarães (MT), é o único da América do Sul dedicado exclusivamente à reabilitação de elefantes em cativeiro. Com 1.500 hectares de área, oferece recintos naturais que variam entre 40 e 400 hectares, proporcionando liberdade, bem-estar e cuidado contínuo.
Kenya poderá, pela primeira vez desde que chegou à Argentina em 1985, conviver com outros elefantes de sua espécie e viver em condições próximas de seu habitat natural.
O SEB é uma organização sem fins lucrativos, fruto da parceria entre a Associação Santuário de Elefantes Brasil, a ElephantVoices e o Global Sanctuary for Elephants. A instituição acolhe animais que passaram décadas em circos e zoológicos, oferecendo uma nova vida pautada pelo respeito à natureza e pelos direitos dos animais.
