Parceria une tecnologia chinesa, produção nacional e investimentos bilionários para lançar marca própria e avançar na mobilidade inteligente.
Da Redação

A CAOA anunciou nesta semana, em São Paulo, uma aliança estratégica com a Changan Corporation para lançar oficialmente no Brasil a marca CAOA Changan. Segundo as duas empresas, a parceria reúne o conhecimento do consumidor brasileiro, a capacidade industrial da CAOA e a inovação tecnológica da montadora chinesa para inaugurar um novo ciclo da indústria automotiva nacional. O anúncio marca o início de uma operação conjunta que mira eletrificação, conectividade, inteligência veicular e um ecossistema completo de mobilidade sustentável.
De acordo com a CAOA, a parceria se apoia no plano de investimentos de R$ 3 bilhões anunciado no fim de 2023, que permitirá modernizar o polo industrial de Anápolis, em Goiás. A empresa informa que a fábrica será preparada para operar com padrões avançados da indústria global, incluindo manufatura 4.0, linhas flexíveis, células produtivas inteligentes, rastreabilidade digital e processos de baixa emissão de carbono. O projeto prevê ainda a produção local de componentes estratégicos e o fortalecimento da cadeia de fornecedores brasileiros.
A Changan, que produz mais de 2,3 milhões de veículos por ano e opera centros de pesquisa na China, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, chega ao Brasil com o portfólio aberto a todas as matrizes energéticas. A montadora afirma que sua tecnologia permitirá otimizar a escolha de soluções para o mercado brasileiro, com destaque para veículos elétricos e híbridos. A primeira linha a desembarcar no país será a AVATR, marca premium desenvolvida com a Huawei e reconhecida internacionalmente em inteligência artificial e experiência digital.
A CAOA destaca que a nova marca atuará com um portfólio amplo, incluindo SUVs e crossovers eletrificados de alta eficiência. A empresa afirma que a combinação entre a engenharia chinesa e o pragmatismo industrial brasileiro cria uma base competitiva inédita, permitindo disputar espaço com os maiores players globais da nova mobilidade.
O presidente da CAOA, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, reforça a importância estratégica da união. “A CAOA Changan marca o início de um novo capítulo para o setor automotivo brasileiro. Um capítulo em que inovação, escala e competitividade se unem, abrindo espaço para uma era em que o país não apenas acompanha o futuro, mas participa da sua construção”, afirma Carlos Alberto.
A parceria também prevê a construção de um ecossistema sustentável no Brasil. Segundo as empresas, a CAOA Changan desenvolverá projetos de economia circular, usará energias renováveis e adotará medidas de redução de carbono em toda a cadeia de produção. O plano integra ainda soluções em mobilidade conectada, que envolvem integração entre veículos, nuvem, robótica e sistemas urbanos inteligentes.
A história da CAOA no Brasil começou em 1979, quando o cirurgião Carlos Alberto de Oliveira Andrade adquiriu uma revenda Ford em Campina Grande, na Paraíba. A partir daí, o grupo expandiu sua atuação e se tornou responsável pela introdução e crescimento de marcas como Renault, Subaru e Hyundai no país. Em 2007, inaugurou sua fábrica em Anápolis e, em 2017, consolidou sua presença como fabricante com o acordo tecnológico que deu origem à CAOA Chery. A Changan, por sua vez, iniciou suas operações em 1862 e se tornou uma das maiores e mais tradicionais montadoras da China, com forte presença global e foco em veículos de nova energia.
Em 2024, a Changan registrou 2,683 milhões de unidades vendidas e alcançou o quinto ano consecutivo de crescimento, impulsionado especialmente pelo segmento de veículos elétricos e híbridos. A montadora, que conta com mais de 55 mil funcionários, mira a venda de 3 milhões de veículos em 2025 e projeta atingir 1,5 milhão de unidades comercializadas no exterior até 2030.
Com a criação da CAOA Changan, as duas empresas afirmam que o Brasil passa a integrar um novo movimento global de reindustrialização automotiva, com foco em tecnologia limpa, alto padrão de engenharia e ampliação da competitividade. O grupo sino-brasileiro declara que pretende estabelecer no país uma plataforma industrial robusta, capaz de responder às demandas da nova mobilidade e de oferecer ao mercado nacional produtos de última geração.





