Fórum Sul-Americano de Integração reúne empresários, autoridades e especialistas para discutir avanços e desafios logísticos entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Da Redação

Os impactos da Rota Bioceânica no desenvolvimento econômico, contábil e social de Mato Grosso do Sul foram tema do Fórum Sul-Americano de Integração da Rota Bioceânica, iniciado nesta quinta-feira (30), no auditório da Câmara Municipal de Campo Grande. O evento reuniu empresários, autoridades, gestores e profissionais da contabilidade para discutir as novas oportunidades de negócios entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, além dos desafios para garantir competitividade aos produtos regionais no mercado internacional.
Durante a abertura, o vice-presidente da Fiems, Crosara Júnior, destacou o potencial do estado em ampliar suas exportações por meio do corredor rodoviário, que já tem obras de pontes e rodovias em estágio avançado. Segundo ele, a indústria sul-mato-grossense tem condições de expandir suas fronteiras comerciais, desde que haja redução da burocracia nos trâmites aduaneiros entre os países envolvidos.
“Mato Grosso do Sul tem muitas oportunidades de negócio com grãos, óleo, proteína, papel e celulose, que podem ser produzidos aqui e exportados através da rota. Vamos precisar de agilidade e velocidade nessas operações, porque entendemos que a rota só é viável se a gente conseguir construir um modelo de ‘free flow’, onde os produtos passam sem que uma rede de burocracia trave o movimento de cargas”, afirmou Crosara.
O presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Mato Grosso do Sul (CRC-MS), Otacílio dos Santos Nunes, reforçou a importância de preparar os profissionais da área contábil para o novo cenário de integração econômica. “Precisamos estudar e nos preparar para receber essa demanda das indústrias, comércio exportador, empresas de logística, turismo. Temos de estar preparados para atender todo esse aparato de investimentos que vem junto com a Rota Bioceânica”, disse Otacílio.
O ministro de carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, João Carlos Parkinson de Castro, reconheceu os desafios logísticos existentes nas fronteiras terrestres e defendeu ações conjuntas entre os governos para aprimorar o trânsito aduaneiro e favorecer o setor produtivo. “É todo um trabalho que terá seu tempo, porque é um processo de facilitação de comércio que está sendo iniciado agora. Há consciência, inclusive dos órgãos controladores, que temos de melhorar nossas fronteiras e realmente integrá-las. Há boa vontade e boa disposição para avançar nesses trabalhos. Também esperamos produzir resultados no curto prazo”, afirmou o ministro.
A cidade chilena de Iquique, considerada a segunda maior zona franca da América Latina, atrás apenas do Canal do Panamá, foi citada como exemplo de integração comercial bem-sucedida. Com mais de 50 anos de experiência em comércio internacional, o porto de Iquique é uma das portas de entrada da Rota Bioceânica para os mercados da Ásia e do Oceano Pacífico.
O prefeito de Iquique, Mauricio Soria Macchiavello, destacou o papel estratégico do Chile e as vantagens competitivas para o fortalecimento do comércio entre os países do corredor. “O Chile é o país que tem mais tratados de livre comércio. Assim, pode-se usar a plataforma do Chile com produtos brasileiros, transformando-os no Chile, e eles podem se qualificar para uma rede de tratados de livre comércio com praticamente tarifa zero. Além disso, temos ainda a proximidade com os mercados da Ásia, economizando dias de navegação, buscando formas de transporte que, no final, sejam mais econômicas e permitam chegar ao Pacífico e do Atlântico”, explicou.
O fórum reforçou o papel da Rota Bioceânica como vetor de desenvolvimento e integração regional, abrindo novas possibilidades de negócios, geração de emprego e renda, e fortalecimento das cadeias produtivas de Mato Grosso do Sul.





